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Ricardo Salgado “não praticou qualquer crime e esta acusação ‘falsifica’ a história do Banco Espírito Santo”, diz defesa de ex-presidente do BES

Ministério Público deduziu acusação contra 25 arguidos, 18 pessoas pelo caso Espírito Santo e sete empresas no âmbito do processo principal do designado “Universo Espírito Santo”. Ricardo Salgado e outros ex-gestores são acusados do crime de associação criminosa, entre outros, e de terem causado prejuízos de 11,8 mil milhões. Defesa de ex-presidente do BES já reagiu.
14 Julho 2020, 21h30

A defesa de Ricardo Salgado já reagiu ao despacho de acusação do processo principal do Universo Espírito Santo, onde são acusados 25 arguidos, 18 pessoas singulares e 7 pessoas coletivas, nacionais e estrangeiras, entre os quais o ex-presidente do BES e outros antigos gestores, acusados, entre outros, do crime de associação criminosa. Defesa de Salgado diz que este “não praticou qualquer crime e esta acusação ‘falsifica’ a história do Banco Espírito Santo”.

”É uma acusação pré-anunciada desde o dia 3 de agosto de 2014, data em que o Governador cessante do Banco de Portugal anunciou a morte do BES (depois deste banco ter sido afundado em provisões ilegais) e proferiu a “sua sentença” para justificar o desastre da resolução, que, agora, está a condicionar a Justiça”,

1”O Dr. Ricardo Salgado assume e assumirá a responsabilidade pelos actos que praticou, demonstrando que não praticou actos ilícitos, explicando as suas motivações e mostrando que sempre agiu de boa-fé naquilo que lhe parecia ser o melhor interesse do banco que teve a honra de ajudar a reconstruir”, reage a defesa o antigo presidente do BES em comunicado, onde salienta que o ex-presidente do BES “não deixará de utilizar todos os mecanismos legais para repor a verdade histórica em relação à sua pessoa e ao BES”.

Segundo a defesa, “é uma acusação pré-anunciada desde o dia 3 de agosto de 2014, data em que o Governador cessante do Banco de Portugal anunciou a morte do BES (depois deste banco ter sido afundado em provisões ilegais) e proferiu a “sua sentença” para justificar o desastre da resolução, que, agora, está a condicionar a Justiça”.

E prossegue: “foi este mesmo Banco de Portugal liderado pelo Dr. Carlos Costa que, depois de apagar das fachadas uma marca com mais de 140 anos de existência, interveio neste inquérito-crime, em claro e manifesto conflito de interesses”. Advogados de Salgado voltam a defender que “a resolução do BES foi um erro colossal que causou e causa prejuízos inquantificáveis ao País”.

“Os próprios “lesados do Banco de Portugal” (e não do BES) assim o dizem hoje, até porque é indesmentível que, o Dr. Ricardo Salgado esteve no BES, os Clientes foram reembolsados em 1,5 mil milhões de euros de papel comercial só no 1.º semestre de 2014”, acrescenta em comunicado, assegurando que “enquanto o Dr. Ricardo Salgado esteve no BES, não houve lesados”.

Para os advogados de Ricardo Salgado, a decisão “política” de resolução fez de um Banco com 140 anos de história, 2 milhões de clientes, 20% de quota de mercado e 25% de quota nas empresas, “cobaia de uma experiência única na Europa”.

“A partir dessa desastrosa decisão que não foi sua, o Dr. Ricardo Salgado sempre soube que todos os pecados dos que tomaram esta decisão seriam expiados na sua pessoa e que, com enorme probabilidade, passaria o resto dos seus dias a lutar por Justiça nos Tribunais”, prosseguem no comunicado, onde salientam que “por muitos erros que tenha cometido (e só não comete quem não tem que decidir), o Dr. Ricardo Salgado sempre colocou os interesses do BES acima de quaisquer outros, sempre agiu de boa-fé e na convicção de que as opções tomadas serviram o melhor interesse do banco, dos seus clientes, colaboradores e acionistas”.

Para a defesa de Salgado “a história do BES e do Dr. Ricardo Salgado não é a ‘estória’ que consta desta acusação”, acrescentando que “é a história de milhares de pessoas que trabalharam no banco e orgulhosamente vestiram a camisola BES que, sob a liderança do Dr. Ricardo Salgado, foram sempre valorizadas, e que muitas delas, aliás, estão no Novo Banco e até foram promovidas”.

É também, prosseguem “a história de muitas pessoas e empresas – em particular PME – que sempre tiveram neste Banco um parceiro, nos bons e nos maus momentos e que, enquanto o Dr. Ricardo Salgado esteve na liderança da Comissão Executiva do BES, foram sempre protegidas e nunca deixaram de ser reembolsadas pelos seus investimentos”.

Defesa  de Salgado assegura: “não desistirá de se defender”

Os advogados do antigo presidente do BES asseguram ainda que Ricardo Salgado “não desistirá de se defender e levará até às últimas consequências a sua defesa, não só por respeito a si próprio, mas também por respeito à memória coletiva dos muitos que fizeram parte da história deste Grupo”.

Os advogados frisam também que “face da dimensão e enorme complexidade do processo (grande parte dele ilegalmente “escondido’ da defesa até agora), espera-se que, depois de tantas e sucessivas prorrogações de prazo que foram concedidas ao Ministério Público para concluir o inquérito, seja também concedido à defesa um prazo razoável e condições dignas para o exercício cabal dos seus direitos com igualdade em relação a quem agora o acusa”.

 

Defesa reitera assim que durante todo o inquérito, “as provas foram escondidas” de Ricardo Salgado, apesar, diz, ”dos insistentes e reiterados pedidos da defesa contra essa obstrução, mesmo depois de ultrapassados todos os prazos de um putativo segredo de justiça “interno”, que funcionou para a defesa, mas não existiu para, ao longo do tempo, distorcer a verdade na praça pública”.

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