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Roaming nacional: a recomendação da Anacom de que as operadoras nunca tinham ouvido falar

No encerramento do 28º congresso da APDC, Anacom e operadoras trocaram acusações, denotando um ambiente de “crispação”. O presidente da Anacom recomendou a implementação do roaming nacional em Portugal. Operadoras foram apanhadas de surpresa.
  • APDC
27 Setembro 2018, 19h23

João Cadete de Matos, presidente da Anacom, pediu a todos operadores de telecomunicações para se “unirem e criarem o roaming nacional”. A recomendação foi feita há pouco antes do debate “O Estado da Nação das Comunicações”, no âmbito do 28º Business Digital Congress, promovido pela Associação Portuguesa das Comunicações (APDC), e apanhou de surpresa os CEO das três maiores operadoras de telecomunicações a operar em Portugal e que iriam participar naquele debate no qual participaram Alexandre Fonseca, CEO da Altice Portugal, Mário Vaz, CEO da Vodafone, Miguel Almeida, CEO da Vodafone e Francisco de Lacerda, presidente e CEO da CTT.

O presidente da Anacom considera existir um “paradoxo” quando um estrangeiro pode mudar de operador quando está em Portugal, ao passo que um cidadão nacional não pode fazer.  “Portugal pode ter um melhor nível de comunicações se os operadores portugueses se unirem e criarem o roaming nacional”, disse Cadete de Matos, antes de alegar que na “Europa há 14 países onde existe o roaming nacional”.

A recomendação não foi bem recebida pelos três CEO  operadoras de telecomunicações . Miguel Almeida, CEO da NOS, revelou que as operadores “nunca [tinham] ouvido falar em roaming nacional” para o país. Por sua vez, Mário Vaz, CEO da Vodafone, explicou que em Espanha aquilo que existe é uma “partilha ativa de rede entre dois operadores, mas o cliente usa sempre o mesmo operador”, algo que é diferente da recomendação do presidente da Anacom.

O debate, moderado pela jornalista Alexandra Machado, abordou “a crispação” entre a reguladora e os regulados. Miguel Almeida, a propósito da intervenção de Cadete de Matos, disse que viu “um regulador crispado e hostil, num tom institucionalmente desadequado e que demonstrou estar claramente contra os operadores”. O CEO da NOS disse mesmo “parece-me que o regulador está claramente contra os operadores, e não me parece que esteja assumir o papel que lhe é reservado. Parece-me mais adequado um regulador que cumpra o seu papel sem ser contra ninguém”.

Noutro tom, Alexandre Fonseca, CEO da Altice Portugal alegou que existe “falta de diálogo” entre os diversos agentes do setor das telecomunicações e que há um “desconhecimento sobre as temáticas do setor e sobre os problemas que afetam o seu desenvolvimento, criando assimetrias”. E deu como exemplo, respondendo ao presidente da Anacom, que acabar com o serviço universal de comunicações iria resultar em “6 milhões de telefonemas perdidos” em várias sedes, como hospitais e estabelecimentos prisionais.

 

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