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“Roe vs Wade”. Apanhada de surpresa, Casa Branca falha nas respostas de proteção às mulheres

A informação do “Post” contraria o comunicado oficial que Biden emitiu na terça-feira. O presidente dos EUA disse estar preparado para este tipo de cenário desde a promulgação de leis reprodutivas altamente restritivas em Estados Republicanos como o Texas.
5 Maio 2022, 15h25

A Casa Branca está a tentar encontrar maneiras de ajudar as mulheres norte-americanas a ter acesso ao aborto sea decisão “Roe vs Wade” for anulada, mas não está a ter sucesso, segundo o “Washington Post”. A fuga de informação sobre a intenção do Supremo Tribunal apanhou o governo desprevenido, provocando reuniões à pressa com advogados do governo, consultores externos e autoridades federais.

Na segunda-feira, o “Politico” divulgou um rascunho inicial da opinião da maioria de seis republicanos para três democratas no Supremo (conseguida durante o mandato de Donald Trump), que apontava para a anulação daquela que é a decisão que legalizou o aborto nos EUA. Não obstante, entre a votação inicial e a decisão final, o sentido de voto pode mudar uma vez que a decisão só é definitiva quando é publicada pelo Tribunal.

A informação do “Post” contraria o comunicado oficial que Biden emitiu na terça-feira. O presidente dos EUA disse estar preparado para este tipo de cenário desde a promulgação de leis reprodutivas altamente restritivas em Estados Republicanos como o Texas. “Ordenei ao meu Conselho de Política de Género e ao Gabinete do Conselho da Casa Branca para preparar opções para uma resposta da Administração ao ataque contínuo ao aborto e direitos reprodutivos, sob uma variedade de possíveis resultados nos processos pendentes no Supremo Tribunal Federal. Estaremos prontos quando qualquer decisão for emitida”, declarou.

Agora sabe-se que a Casa Branca está a lutar para encontrar uma maneira de as mulheres em todo o país terem acesso à assistência ao aborto se a decisão for revogada, especialmente no que diz respeito a encontrar uma maneira de ajudar as mais pobres em Estados republicanos, informaram assessores da Casa Branca.

Chegou a ser discutida a viabilidade de financiar viagens para abortos, mas especialistas já avisaram que deve ser criada legislação nesses Estados para o proibir. A Casa Branca está ciente de que qualquer ação do governo vai enfrentar fortes desafios legais onde Republicanos detiverem o poder. “Cada coisa que fizerem será legalmente contestada, e todos os advogados [do governo] concordam”, disse um dos assessores ao “Post”.

Numa referência ao timing desta fuga de informação, uma vez que em novembro vão ocorrer eleições que determinarão se os democratas mantêm as maiorias no Congresso dos EUA nos próximos dois anos de mandato do presidente, Biden disse na terça-feira que, caso a lei seja anulada, cabe aos americanos votarem em candidatos a favor do aborto  porque vai caber aos governos nacionais legislar sobre essa liberdade.

O aborto é uma das questões mais polémicas e divisivas na política dos EUA. Um inquérito do Pew Research Center revelou que, em 2021, 59% dos adultos americanos acreditavam que deveria ser legal em todos ou na maioria dos casos, enquanto 39% achavam que deveria ser ilegal na maioria ou em todos os casos. Em janeiro deste ano, a “CNN” revelou que 69% dos americanos que inquiriu queriam manter “Roe”, opondo-se ao derrube pelo Supremo.

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