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RTP. Boyden assessora CGI na escolha da nova administração da estação pública

Conselho Geral Independente vai ter o auxílio de empresa especialista em recrutamento de executivos para selecionar nova administração, que substituirá a equipa de Gonçalo Reis. Processo está dividido em duas fases. Interessados têm até 23 de fevereiro para manifestar interesse.
19 Janeiro 2021, 20h56

A empresa especialista em recrutamento de executivos Boyden vai auxiliar o Conselho Geral Independente (CGI) da RTP no processo de seleção da nova administração da estação pública, conforme avançado pelo “Expresso” e confirmado pelo Jornal Económico junto do diretor do secretariado técnico do CGI, Pedro Jorge Braumann. O processo arranca esta quarta-feira. A situação “ideal” é que os novos administradores iniciem o mandato 2021-2023 “no final do primeiro trimestre”.

A Boyden vai assessorar o CGI na análise aos eventuais candidatos, embora a decisão final seja da inteira responsabilidade daquele conselho geral criado em 2014. A Boyden foi escolhida pela estação pública, após uma consulta ao mercado. Ao recorrer a uma headhunter, o CGI abriu caminho para um novo método de recrutamento de administradores da RTP diferente do que foi utilizado, em 2015 e de 2018.

O CGI inicia esta quarta-feira o processo de seleção dos novos gestores da RTP, com a publicação no site da estação das “condições” para potenciais candidatos apresentarem as suas “manifestações de interesses”. Seguir-se-á um anúncio público nos jornais “Expresso” e “Público”, “dando um prazo até 23 de fevereiro” para eventuais candidatos manifestarem interesse.

De acordo com Pedro Jorge Braumann, o CGI não tem um perfil ideal de gestor definido, mas “há condições em relação à candidatura e aspetos que serão levados em linha de conta”. Os requisitos são conhecidos esta quarta-feira.

O conselho de administração é composto por três membros – um presidente e dois vogais. Segundo os estatutos da RTP, o gestor que ficar com o pelouro financeiro terá de ter o aval do Ministério das Finanças. “É escolhido  pelo CGI, mas tem de ser um nome aceite pelas Finanças”, esclareceu fonte do CGI da RTP. Por isso, aquele conselho geral decidiu dividir o processo de seleção dos novos administradores em duas fases.

Numa primeira fase, procede-se à escolha, em conjunto, do presidente e de um dos vogais do conselho de administração, sendo que um deles ficará responsável pelos conteúdos. Assim, numa primeira fase, as candidaturas são em duo

Isto, porque os interessados em integrar o novo conselho de administração terão de apresentar um plano estratégico para 2021-2023, respeitando as linhas de orientação estratégica para a RTP já definidas pelo CGI (disponíveis no site da RTP). O CGI apresenta a cada três anos orientações estratégicas para o conselho de administração da estação pública delinear um projeto estratégico.

Ora, com base nas atuais orientações do CGI, a versão provisória de um potencial projeto estratégico, apresentado pelos candidatos, terá de responder à questão da reestruturação “do formato de programas de informação diária e não-diária”. E, sem prejudicar “o nível de qualidade atingido” ao nível da programação terão que apresentar soluções de “rejuvenescimento” dos programas.

O esboço do plano estratégico a ser apresentado pelos candidatos terá também que mostrar como a RTP, “construindo uma oferta de conteúdos capaz de responder em todos os vetores de distribuição”, respeita “a missão de serviço público de média”, tendo em conta as mudanças tecnológicas e os desafios do consumo no audiovisual”.

Será com base nesse plano estratégico provisório, proposto pelos candidatos, que o CGI vai escolher o futuro presidente da RTP e um vogal, com o auxílio da Boyden. Só depois, numa segunda fase, é que será escolhido o vogal responsável pela área financeira, que terá de merecer um parecer prévio e vinculativo de João Leão.

Nessa altura, e já com o aval do Ministério das Finanças, “é que será possível constituir a equipa no seu conjunto e apresentar também o projeto estratégico definitivo” para a RTP, no período 2021-2023. O plano estratégico final terá de ter ‘luz verde’ do Conselho Geral Independente da RTP.

O diretor do secretariado técnico do CGI da RTP referiu ainda que, “além da aprovação do CGI do projeto estratégico final, tem de haver uma deliberação unânime da assembleia geral da RTP, visto que o Estado é acionista único”. “Só depois da saída dessa deliberação é que assumem funções”, disse,

O processo tem a sua complexidade e, como está dependente de autorizações e pareceres, não há um prazo definido para que o novo conselho de administração inicie funções. Não obstante, o cenário ideal para o CGI da RTP é que os novos gestores possam já estar em funções no final de março, sucedendo à atual administração.

O mandato da administração atual, liderada por Gonçalo Reis terminou em dezembro de 2020. Mas a equipa continua em funções até à apresentação das contas de 2020 da RTP. O atual conselho de administração é composto por Gonçalo Reis e pelos vogais Ana Dias e Hugo Figueiredo. Gonçalo Reis está à frente da RTP desde 2015. No primeiro mandato, os vogais eram Nuno Artur Silva (atual secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media) e Cristina Vaz Tomé.

O CGI é presidido por José Vieira de Andrade, tendo como membros Arons de Carvalho, Francisco Seixas da Costa, Maria Helena Costa de Carvalho e Sousa, Leonor Beleza e Manuela Melo.

Criado em 2014, de acordo com o regulamento do Conselho Geral Independente da RTP, aprovado em setembro de 2015, é competência do CGI “escolher os membros do conselho de administração, de acordo com um projeto estratégico para a sociedade proposto por estes, estando a designação do membro responsável pela área financeira sujeita a parecer prévio e vinculativo do membro do Governo responsável pela área das finanças”. O funcionamento e as competências do CGI da RTP estão previstas na Lei n.º 39/2014.

Governo defende processo de seleção. PSD quer “audição urgente” do CGI
Esta terça-feira, o secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media, Nuno Artur Silva, afirmou no Parlamento que o próximo conselho de administração da RTP será escolhido pelo Conselho Geral Independente (CGI), da forma como o organismo entender, não existindo qualquer obrigatoriedade do processo de seleção ser determinado por concurso público.

“O CGI é soberano na forma como pode escolher o Conselho de Administração da RTP”, disse o governante durante uma audição na comissão parlamentar de Cultura e Comunicação, sobre a revisão do contrato de concessão da RTP. A audição foi requerida pelo PSD.

Nuno Artur Silva respondia ao deputado do Bloco de Esquerda Jorge Costa, que perguntou pelo processo de nomeação do novo conselho de administração da RTP. O bloquista referiu que, “em lugar de ocorrer através de um procedimento de concurso público internacional, como deveria ser, parece estar a ser preparado em termos muito estranhos”.

Segundo a agência Lusa, o grupo parlamentar fez saber que pediu uma “audição urgente” do CGI. Os sociais-democratas querem mais esclarecimentos sobre o processo de escolha do novo conselho de administração da RTP.

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