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Sem surpresas, BCE mantém juros inalterados e sinaliza subida em julho

Apesar do peso da inflação, que voltou a renovar máximos absolutos em maio ao subir até 8,1%, o BCE volta a manter os juros em zero na zona euro, reforçando esta quinta-feira a indicação de arrancar com a normalização da política monetária apenas em julho, quando acabam as compras de ativos.
9 Junho 2022, 11h47

O Banco Central Europeu (BCE) optou esta quinta-feira por deixar inalterados os juros diretores da zona euro, numa decisão largamente antecipada pelo mercado e que deverá marcar a última reunião antes de arrancar com a normalização da política monetária.

No entanto, a nota publicada pelo banco sinaliza já a intenção de subir os juros em 25 pontos base (p.b.) na próxima reunião, a realizar em julho, deixando também aberta a porta a mais subidas em setembro e nas reuniões seguintes.

“A inflação elevada é um desafio para todos nós. O Conselho de Governadores certificar-se-á que a inflação volta ao objetivo de 2% no médio-prazo”, começa por referir o comunicado, numa posição clara do BCE quanto à pressão nos preços na zona euro. O banco reconhece que os preços têm acelerado, muito à custa da questão energética, mas sublinha “a moderação nos custos da energia, o acalmar das disrupções associadas à pandemia e a normalização da política monetária” como fatores que deverão abrandar esta evolução.

A autoridade monetária europeia manteve os juros de referência na moeda única em zero, apesar de a inflação não dar sinais de abrandamento. A estimativa rápida de maio para a variação de preços aponta para nova subida e novo máximo histórico até aos 8,1%, depois de dois meses consecutivos em 7,4%, reforçando a urgência em subir juros para conter o fenómeno.

As perspetivas para a inflação foram revistas em significativa alta, com o banco a projetar agora 6,8% a fechar este ano e 3,5% no próximo. Em março, as expectativas para este indicador cifravam-se em 5,1% em 2022 e 2,1% em 2023. Em sentido contrário, o crescimento sofreu um corte assinalável, em parte devido à pressão nos preços, sendo expectável agora um avanço de 2,8% este ano e 2,1% em 2023.

A decisão de não subir ainda taxas surge apesar de ter já terminado o programa de emergência pandémica (PEPP), mas, como o BCE tem vindo a dizer há largos meses, a normalização não arranca enquanto não acabar o programa de compra de ativos (APP), algo previsto para julho.

O Conselho reforçou agora a intenção de seguir esta calendarização, também garantindo novamente que pretende reinvestir os montantes de ativos que atingem a sua maturidade. Estes servirão também para evitar uma fragmentação na zona euro, uma possibilidade que governantes e analistas têm temido e que o BCE reforça a intenção de evitar.

“No caso de um aumento da fragmentação do mercado relacionada com a pandemia, os reinvestimentos do PEPP podem ser ajustados em termos de tempo, classe de ativos e jurisdição a qualquer altura”, refere o comunicado, que exemplifica com o caso grego.

[notícia atualizada às 13h01]

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