Setor da energia: responder às pressões da sustentabilidade através das Pessoas

A sustentabilidade está na agenda de todos, mas só com uma aposta clara nas Pessoas, o setor conseguirá atingir os seus objetivos.

Depois da pandemia, as alterações climáticas. Segundo os especialistas, estamos a entrar numa fase marcada pelos impactos exponenciais no clima, onde as mudanças são tão extremas e rápidas que, se não atuarmos já, não teremos tempo para nos adaptar. Os números são impressionantes: 500 milhões de pessoas vivem em áreas desertificadas, com elevada insegurança alimentar; 300 milhões de casas estão em risco de inundações costeiras já em 2050; as temperaturas extremas irão causar perdas na produtividade, equivalentes a 80 milhões de empregos. Face a estes impactos sociais e económicos, 44% dos investidores identificam as alterações climáticas no top 3 de ameaças ao crescimento dos negócios.

O setor da energia encontra-se, assim, sob uma elevada pressão:

·         A comunidade internacional exige energia sustentável

·         O negócio requer investimentos elevados na transição energética (inovação, tecnologia, infraestruturas, fusões e aquisições) e eficiência e qualidade na operação atual

·         Os reguladores pressionam para o preço da energia não ser muito elevado

·         Os acionistas continuam a exigir avultados retornos dos seus investimentos

Para fazer face a estas exigências, nem sempre compatíveis, o setor necessita de apostar nas Pessoas, numa escala sem precedentes, para assegurar alinhamento, eficiência, recursos preparadores e boas decisões. Só assim atingirá a almejada transição energética e reforçará a sua marca no futuro.

E o que sabemos do setor, no que se refere às Pessoas?

·         20% da força de trabalho vai entrar na idade da reforma na próxima década

·         Dificuldade em atrair uma força de trabalho diversa, estando a perder talento para Setores com abordagens menos tradicionais e mais inspiradoras

·         71% das empresas identificam gap elevado nas suas competências, nomeadamente no aliar experiência no Setor com competências digitais

·         A transformação digital está em curso, mas não completamente integrada

·         Novas formas de trabalhar, mais eficientes e ágeis, são necessárias

·         Com as fusões e aquisições, as estruturas organizacionais estão mais complexas e a cultura mais fragmentada

Dentro deste enquadramento, existem 4 áreas importantes a apostar:

Atrair talento através do propósito. Colocar o propósito no centro da estratégia, destacando a contribuição para a transição energética e descarbonização da economia, é uma mensagem poderosa e mobilizadora, capaz de atrair o talento do futuro, nomeadamente os millennials e a geração Z. O trabalho flexível será também, e cada vez mais, a principal proposta de valor para atrair e reter talento.

Reforçar a cultura através da experiência do colaborador. As necessidades e expetativas dos colaboradores mudaram, assim como a forma das organizações trabalharem e cumprirem a sua estratégia. A cultura tem de conseguir fazer esta evolução.  Criar uma jornada do colaborador, física e digital, que seja personalizada e com significado, e que reforce as novas formas de trabalhar é importante. A colaboração, a autoliderança, o mérito e o bem-estar (que inclui direito de desligar), devem estar refletidos nos novos modelos híbridos que estão em discussão.

Desenvolver através da comunidade. A transição energética e o digital estão a exigir novas competências. Mapear as competências do futuro e fazer um assessment ao talento para identificar o gap existente, é um importante ponto de partida. Porque os desafios são complexos, requerem uma diversidade de saberes e aprendizagem contínua, é essencial ir para lá do óbvio. A criação de comunidades focadas na partilha, experimentação e cocriação, onde se exige competência, atitude e interação social, é uma ótima forma de acelerar o desenvolvimento, gerar inovação e foco nos resultados.

Ganhar eficiência através do governance. As fusões e aquisições estão a complexificar as estruturas organizacionais, que se querem ágeis. Para ganhar sinergias é necessário um trabalho minucioso de análise e redesenho, introduzindo desde o início a variável tecnológica (com a automação e IA o que vai mudar nos processos e tarefas?), para se rescrever as missões e garantir um governance ajustado. Para empresas que atuam em diversas geografias, encontrar o equilíbrio entre centro corporativo e descentralização não é fácil, mas é essencial para assegurar eficiência e cultura.

O tema da sustentabilidade é uma preocupação de todos nós. As empresas do setor estão comprometidas e certamente desenharão um plano integrado para, através das Pessoas, cumprirem com sucesso a transição energética.