1. Os debates entre candidatos às eleições legislativas de outubro revelam que há quem dê por adquirido os números das várias sondagens e se queira posicionar para o pós-outubro. Vimos um PCP como partido institucional disponível para aprofundar uma aliança com o putativo vencedor, o PS, mas também um Bloco que está a marcar espaço para obrigar o PS a ir ao seu encontro. Estamos a ver um CDS que quer marcar a diferença e não tem problema em ligar-se ao PSD.

No entanto, o partido de Rui Rio é aquele que gera maior curiosidade. Houve um primeiro debate de Rio em que este renasceu, mas mais recentemente também vimos um Rio que se deixou encostar às cordas por André Silva do PAN, um partido que não tem medidas contabilizadas, mas que faz trabalho de casa. E também não é líquido que um PS tenha o resultado de maioria ou quase maioria absoluta que as sondagens lhe atribuem. Está tudo em jogo.

Mas o mais relevante e o que provoca alguma confusão no eleitor do PSD é o facto de se terem apercebido nos vários debates que Rio abdica de ir ao eleitorado do CDS e abdica de parte do centro, e está a dar sinais para uma disputa territorial dos eleitores do PS. Vai buscar Capucho para o ligar a Costa. Capucho tem uma história no PPD e no PSD desde o tempo de Sá Carneiro, trabalhou em funções relevantes, esteve no governo, no Parlamento Europeu e ficou muito tempo à frente da máquina do partido. Mas hoje é persona non grata no PSD, porque apoiou o mesmíssimo Costa em 2015, num famoso almoço em que esteve ao lado dele.

Costa teve o apoio declarado de Capucho e isso paga-se caro no PSD mas, com Rio a limpar parte do PSD, também pode querer dizer que Rio quer fazer pontes com o PS e manter tudo em aberto. Ou seja, Costa ainda pode precisar de Rio para fazer um Governo e Rio pode impor condições mas estará disponível para o bloco central. Só que nestas eleições escolhe-se um líder e não uma “muleta” e quem trabalha para ser apenas vice arrisca-se a ser castigado.

2. A relação senhorio/inquilino está numa mudança profunda. E enquanto o inquilino quer mais, o proprietário olha para o Balcão das Injunções como uma forma expedita de o inquilino poder cobrar ao senhorio as obras que considera necessárias em casa, descontando ao longo dos anos nas rendas. O senhorio recebe uma carta registada e se não aproveitar os 30 dias de prazo de resposta vai ter de pagar. É mais uma confusão que se instala na sociedade.

3. Práticas anticoncorrenciais dos bancos acabaram com uma forte sanção aplicada pela Autoridade da Concorrência. É um tema popular mas vai obrigar a discussões. Até 2008, os spreads dos bancos eram de dez pontos base, logo não haveria margem para discutirem nada. Jogava-se com o financiamento do carro através de avaliação mais elevada da casa ou com oferta de mobília. Desde de 2008 a história tem sido outra, mas antecipamos que metade das coimas serão pagas pelo Estado ao Estado.