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Sócrates: “Os únicos responsáveis pelos créditos a Berardo são os administradores da Caixa Geral de Depósitos”

Antigo primeiro-ministro enviou carta com 24 páginas à Comissão de Inquérito, onde nega qualquer interferência na Caixa. E diz que Campos e Cunha demitiu-se das Finanças para não perder pensão do Banco de Portugal.
5 Julho 2019, 09h24

O antigo primeiro-ministro José Sócrates respondeu por escrito, na quinta-feira, 4 de julho, às cerca de 90 perguntas dos deputados da comissão parlamentar de inquérito (CPI) à gestão da Caixa Geral de Depósitos (CGD), nomeadamente na nomeação de Santos Ferreira e Armando Vara para o Banco público, Vale do Lobe, La Seda, a guerra no BCP e compra de ações. O JE teve acesso às respostas que chegaram ao Parlamento, onde Sócrates rejeita ter pressionado o antigo ministro das Finanças Luís Campos e Cunha, para mudar a administração da Caixa. E defende que os administradores da CGD “são os únicos responsáveis” pelo empréstimo a Berardo.

“Os únicos responsáveis pelo empréstimo ao senhor José Berardo são os administradores da Caixa Geral de Depósitos – os únicos”, escreveu.

Sobre as perguntas, Sócrates dispara num documento de 24 páginas: “Visam usar politicamente o processo judicial em curso para provocar, para atingir, para ferir”. Quanto aos temas quentas da CPI à gestão da Caixa, Sócrates garantiu que “nunca” discutiu com o então governador do Banco de Portugal (BdP), Vitor Constâncio, qualquer assunto relacionado com a crise na administração do BCP ou com financiamentos da Caixa, saindo em sua defesa. Para o antigo primeiro-ministro, Constâncio passou a ser “o alvo” de todos os partidos e defende que “o BdP não aprovou a operação de crédito [a Berardo] nem poderia de nenhuma forma alterar ou anular esse empréstimo”.

Sócrates avançou também, pela primeira vez, que o ex-ministro das Finanças, Luis Campos e Cunha, saiu do Governo por ser contra uma lei que lhe iria reduzir os rendimentos, um diploma que ficou como lei de um terço e que determinava que funcionários públicos aposentados teriam de escolher entre receber um terço do salário e a totalidade da pensão ou o contrário.

“O ministro estava justamente nessa situação [por receber uma pensão do BdP]. Esta foi a verdadeira razão da sua saída, razão essa que é conhecida por todos os que estavam no Governo na altura“, garantiu o antigo chefe de Governo.

Contatado pelo JE, Campos e Cunha disse: “Não ofende quem quer. Ofende quem pode. E ele [Sócrates] não pode”.

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