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Solar flutuante. Futuro de Castelo do Bode vai ficar decidido nos próximos dias

A única concorrente a este lote, uma empresa espanhola, voltou a apresentar uma nova oferta.
  • A central solar conta com um sistema de armazenamento com baterias e vai abastecer o equivalente a 25% dos consumidores da região.
21 Abril 2022, 18h00

O futuro da central solar flutuante de Castelo do Bode, no distrito de Santarém, vai ficar decidido nos próximos dias. A Direção-Geral de Energia (DGEG) está atualmente a analisar a proposta melhorada apresentada pelos espanhóis da Solaria, a única empresa que licitou no lote 2, sabe o JE.

A DGEG tem agora de responder à Solaria se aceita ou não a sua proposta, que continua abaixo do valor médio oferecido em todos os restantes seis lotes.

O JE sabe que a Solaria voltou a submeter uma nova oferta, acima dos 953 euros por MVA da primeira oferta, mas ainda assim ficou abaixo do valor médio ponderado do leilão, os já referidos 620 mil euros por MVA.

Apesar de o valor continuar abaixo, a DGEG pode dar luz verde a esta oferta, se vier a concluir na sua análise que este projeto é importante para o sistema elétrico nacional.

No entanto, o JE sabe que se a oferta for chumbada, este lote vai ficar sem projeto para já, com os restantes seis lotes já leiloados a avançarem para o próximo passo: a construção das centrais solares flutuantes.

O JE pediu uma reação à Solaria sobre este processo. Além do lote 2, a empresa espanhola também licitou nas albufeiras do Alto Rabagão, Paradela, Salamonde e Tabuaço, mas sem sucesso.

No relatório final do concurso, sobre o lote 2, o júri explicou que “tendo havido somente uma candidatura (…) o júri informou o concorrente que a candidatura apresentada era única e que não seria submetida a leilão, e (…) poderia submeter uma oferta de licitação melhorada em relação ao preço base de licitação, no prazo de cinco dias úteis”.

Depois, no dia 16 de março, o “concorrente comunicou uma oferta de licitação melhorada, correspondente ao modelo de remuneração “Compensação Fixa ao SEN”, de 78,1 euros/MW/ano”.

Feitas as contas, o júri verificou que o valor médio ponderado do leilão para os seis lotes que foram a leilão superou os 620 mil euros por MVA, “valor este que é muito superior ao da oferta apresentada pelo concorrente, que corresponde a um VAL de 953 €/MVA”.

O júri comunicou à DGEG para “se assim o entender, solicitar ao concorrente uma última proposta que iguale, pelo menos, o valor médio ponderado do VAL para os seis lotes submetidos a leilão”.

Estes são os projetos que venceram o leilão de solar flutuante

O primeiro leilão de energia solar flutuante terminou com a EDP a conquistar o maior lote, a Finerge a ficar com o maior número de lotes e a Endesa a arrematar o projeto onde a EDP desenvolveu o primeiro projeto (piloto) de energia solar flutuante.

O Governo leiloou um total de 263 MVA (megavolt-ampere) nas albufeiras de Alqueva, Castelo de Bode, Cabril, Alto Rabagão, Paradela, Salamonde e Tabuaço no leilão de segunda-feira.

A EDP conquistou o lote com maior potência: 70 MVAs na albufeira do Alqueva, no Alentejo, com um contrato por diferenças CfD de -4 euros por megawatt hora durante 15 anos.

Para esta albufeira, a companhia tem um projeto, a par com o solar flutuante, que visa “instalar até 154 MW de energias renováveis incluindo 70 MW de solar PV flutuante sujeitos ao CfD acima referido e, adicionalmente, 14 MW de sobreequipamento solar e hibridização de 70 MW de capacidade eólica, ambos excluídos do CfD”, segundo a elétrica liderada por Miguel Stilwell de Andrade. O projeto vai entrar em operação em 2025.

Por sua vez, a Endesa Portugal venceu o projeto de energia solar flutuante no Alto Rabagão, distrito de Vila Real. O projeto visa a instalação de 42,5 megawatts de potência solar flutuante, mas o projeto da companhia liderada por Nuno Ribeiro da Silva tem mais componentes: 48 megawatts de energia eólica e 16 megawatts de armazenamento em baterias, num investimento de 115 milhões de euros.

A francesa Voltalia, por seu turno, venceu o lote três na barragem do Cabril, no concelho de Montalegre, com uma capacidade de 33 MVA.

“O lote fechou com um preço de referência acima de 41 euros por megawatt hora (resultante numa tarifa de venda de 41,03 euros MWh)”, segundo fonte oficial da Voltalia.

Já a Finerge venceu três lotes no leilão de energia solar flutuante. A energética, detida pelos australianos da First Sentier Investors, liderada por Pedro Norton venceu os lotes cinco, seis e sete correspondentes às albufeiras de Paradela (13 MW), Salamonde (8 MW) e Vilar-Tabuaço (17 MW), respetivamente.

A produtora de energias renováveis destaca que o “lote sete, de Tabuaço, foi mesmo o mais disputado – com 24 rondas – e o último a ficar concluído em todo o leilão, acabando a Finerge por garanti-lo”.

Por sua vez, o ministério do Ambiente anunciou que este leilão representa “ganhos para os consumidores de eletricidade na ordem dos 114 milhões de euros a 15 anos, o que equivale a cerca de 7,6 milhões de euros/ ano. Este valor corresponde a um ganho unitário de cerca de 620 mil euros por cada MW adjudicado (15 anos)”.

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