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Soluções formativas cada vez mais personalizadas

A formação executiva está madura e continua em crescimento, representando já uma importante área de negócio para as business schools portuguesas.
22 Maio 2022, 20h00

É uma mega-operação. Em janeiro deste ano, a NOS lançou um programa de formação em Analítica Avançada de Dados para dar a conhecer as potencialidades deste importante tema a toda a organização.

Foi desenvolvido em parceria com a Nova SBE Executive Education e a LTPlabs e abrange cerca de 500 colaboradores da operadora de telecomunicações, com foco nos perfis não-técnicos, ou seja, colaboradores que não têm formação de base em áreas tecnológicas, o que inclui elementos das várias unidades de negócio, diretores e administradores.

“Apesar da formação ser de larga escala, o programa foi desenhado para permitir uma experiência personalizada, através da criação de módulos ajustados a cada audiência”, explicou, na altura, Filipa Carvalho, administradora executiva da NOS.

A personalização é uma tendência em crescimento nos programas de formação para executivos, fundamentais para as escolas de negócio portuguesas, sejam estas públicas, privadas ou de ensino concordatório. Nos programas customizados, cada caso é um caso. “A formação será muito personalizada à realidade da empresa, sendo desenhada para responder aos seus desafios concretos, trabalhando as competências que identificam como devendo ser reforçadas, muitas vezes de forma transversal”, explica Céline Abecassis-Moedas, diretora da Formação de Executivos da Católica Lisbon School of Business & Economics, ao Jornal Económico. Já nos programas open (abertos), esclarece, os formandos “poderão usufruir de maiores oportunidades de networking e partilha de experiências com outros profissionais, obtendo, assim, uma visão mais holística das diferentes perspectivas existentes em cada temática”.

A escolha entre fazer um programa aberto ou customizado depende de factores, como o número de participantes de cada grupo, as temáticas a abordar ou quais os principais objetivos que a empresa pretende alcançar com a formação, diz Céline Abecassis-Moedas.

A Porto Business School oferece igualmente uma vasta panóplia de programas que respondem tanto às necessidades empresariais como individuais. Catarina Quintela, diretora da Área de Corporate Solutions da Escola, explica ao JE que, no panorama da formação, em geral, e da formação executiva, em particular, assistimos, “a uma crescente customização da jornada de aprendizagem” quer nos programas abertos quer nos programas customizados, cujo propósito consiste em responder aos desafios das organizações e das pessoas.

“É cada vez mais notório tanto as empresas quanto as pessoas, em diferentes momentos das suas carreiras e em prol dos objetivos que pretendem alcançar, catalisarem necessidades e encontrarem diferentes soluções”, justifica. E o foco da PBS, enquanto escola de negócio, é, salienta Catarina Quintela, ampliar o leque de oferta a abertos e customizados de forma a colmatar “todas as necessidades existentes nos diferentes mercados”.

Fundada em 2002, a Católica Porto Business School é a escola de negócios da Universidade Católica Portuguesa no Porto, fundada em parceria com a Associação Empresarial de Portugal (AEP). É um espaço onde se pensa a liderança. Carlos Vieira, diretor executivo da Formação de Executivos, diz ao JE que a Escola tem oferta específica para empresas, com alguma dimensão, focada nos quadros médios e superiores e que pretende, para além dos hard skills, desenvolver as soft skills em ambiente de colaboração intraempresa. Do lado das formações dirigidas diretamente às empresas, salienta as áreas comportamentais, principalmente relacionadas com liderança numa vertente 360 graus, a gestão de projetos, business analytics & decision making e finanças (incluindo as fintech).

No centenário ISEG, única escola de gestão e negócios da Universidade de Lisboa, a área mais forte de atividade é a formação pós-graduada. Nos últimos anos, porém, o ISEG Executive Education ampliou e diversificou a oferta, incluindo agora diversos programas executivos (programas mais curtos e mais focados) e as soluções customizadas. “Esta área, em particular — diz Filipa Cristóvão, diretora do ISEG Executive Education — tem vindo a apresentar taxas de crescimento muito interessantes, fruto da fidelização de clientes e do alargamento da rede de contactos empresariais que têm vindo a ser cultivado. A nossa atividade inclui programas nacionais e internacionais, presenciais, remotos e híbridos”.

Os programas customizados para empresas e outras organizações têm um peso que varia entre o importante e o muito importante dependendo da Escola. Na Católica Porto Business School, em 2021, segundo Carlos Vieira, representaram mais de 25% da formação desenvolvida. Na Porto Business School, de acordo com Catarina Quintela, “se considerarmos toda a atividade B2B, este tipo de programas representa mais de 50%”, com algumas variações ao longo dos anos.

Ferramenta de retenção
A formação é um investimento estratégico, uma ferramenta que as pessoas e as empresas usam para obter conhecimentos e competências. Mas é também um trunfo para ajudar a captar e reter o talento numa empresa, independentemente da sua dimensão, como explica Carlos Vieira, da Católica Porto Business School: “As empresas percebem que têm de melhorar a experiência dos seus trabalhadores, pois a realidade atual no mercado laboral apresenta um incremento de aspetos menos positivos, como a saúde mental e o movimento Great Resignation, para além das óbvias rotações entre empresas, que estão, claramente, a aumentar”. O contraponto, adianta, é apresentar aos colaboradores “uma proposta de valor e de ciclo de vida, independentemente das fórmulas contratuais”. A formação é esse “plus”. É um “ponto fulcral de evolução profissional numa organização”, salienta.

O gestor também partilha a perspetiva de que o formando está a tornar-se o protagonista. “Assistimos a um incremento da formação, solicitada ou patrocinada pelas empresas que não tem necessariamente a ver com essa evolução, mas, sim, com o sentimento de que há formação que simplesmente deixa as pessoas mais felizes, motivadas e, consequentemente, produtivas. Este é um paradigma importante”. Vale a pena correr o risco e permitir aos colaboradores obterem conhecimentos fora das suas áreas de atividade.

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