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Sri Lanka. Cidadãos impedem presidente de fugir do país

Acredita-se que Gotabaya Rajapaksa queira fugir antes de deixar o cargo para evitar a possibilidade de ser detido.
12 Julho 2022, 16h23

O presidente do Sri Lanka, Gotabaya Rajapaksa, falhou a tentativa de fugir do país quando funcionários do aeroporto lhe bloquearam o caminho e o obrigaram a retirar-se na noite de segunda-feira, segundo as autoridades do país, citadas pelo “The Guardian”.

Rajapaksa tentava usar a área VIP para embarcar num voo para o Dubai e foi impedido pela equipa de imigração, que não carimbou o seu passaporte. Ele não passou pelas filas comuns por medo de ser assediado pelo povo.

Assim, Rajapaksa perdeu quatro voos para os Emirados Árabes Unidos. Juntamente com a sua esposa e uma dúzia de outros membros da família e assessores próximos, passou a noite numa base militar próxima.

A revolta popular já tinha obrigado o presidente a fugir do seu palácio em Colombo quando este foi invadido por manifestantes. Rajapaksa anunciou posteriormente que se irá demitir na quarta-feira, enquanto o primeiro-ministro, Ranil Wickremesinghe, já apresentou a demissão e viu a sua residência privada ser incendiada.

Segundo a “Lusa”, o país está imerso numa das piores crises económicas desde a independência, em 1948, derivada do declínio das reservas em moeda estrangeira e de uma elevada dívida externa.

Parece que o presidente tentou seguir várias vias de fuga nos últimos dias, mas todas falharam. O governo indiano terá recusado a permissão para um avião militar do Sri Lanka que o transportaria de pousar num aeroporto civil do país, enquanto a embaixada dos EUA se recusou a conceder-lhe um visto de visitante (Rajapaksa viu-se obrigado a abdicar da dupla cidadania americana que tinha depois de viver lá vários anos para concorrer à presidência).

De acordo com autoridades que falaram com a “AFP”, Rajapaksa estava agora a considerar usar um navio de patrulha da marinha para tentar fugir da ilha.

Segundo a “Reuters”, enquanto ainda é presidente, Rajapaksa goza de imunidade. Acredita-se que ele queira fugir antes de deixar o cargo para evitar a possibilidade de ser detido. Ele é acusado de supervisionar a corrupção e a má gestão económica que levaram o país à bancarrota.

Ele foi também acusado de crimes de guerra, incluindo desaparecimentos forçados e execuções extrajudiciais, quando serviu como ministro da Defesa, altura em que conduziu a uma guerra civil contra a minoria tâmil, que teve um fim sangrento em 2009.

Depois de se tornarem públicas as notícias das tentativas da família Rajapaksa de fugir esta terça-feira, uma moção foi apresentada ao Supremo Tribunal para emitir uma ordem para proibir familiares e outros que serviram no regime de Gotabaya Rajapaksa de serem autorizados a deixar o país.

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