O setor da construção desempenha um papel crucial na transição para uma economia sustentável, exigindo uma abordagem integrada e responsabilidades partilhadas entre os envolvidos no setor, os decisores e os futuros utilizadores.

Todos os atores são chamados a repensar os seus processos e impacto no território natural e construído, com destaque para o papel essencial do arquiteto. Este tem a responsabilidade de estudar, planear, projetar e implementar métodos inovadores e sustentáveis para integrar as atividades quotidianas dos cidadãos, habitação e espaço público, valorizando o património construído e a paisagem.

Como sublinha a União Europeia, isso só será possível com uma abordagem centrada nas pessoas em relação a um ambiente construído sustentável, no qual a arquitetura desempenha um papel crucial no contributo para a qualidade de vida dos cidadãos e onde estes têm, também, um papel a desempenhar na valorização da arquitetura.

Contudo, apesar da crescente implementação da sustentabilidade na arquitetura, a carreira do arquiteto não reflete a mesma sustentabilidade, permanecendo como a mais mal remunerada no setor da construção, afetada por uma regulação desadequada, como alerta o arquiteto Avelino Oliveira no seu manifesto à Ordem dos Arquitetos. Ao contrário de outras profissões, como médicos ou advogados, a carreira de arquiteto não possui uma estrutura específica no setor público ou privado.

Esta omissão tem impacto direto nos serviços de arquitetura, enfraquecendo as empresas, criando uma concorrência desleal e inibindo os ateliês de recursos para entrar no mercado, deixando muitos arquitetos reféns de um sistema de honorários insatisfatório.

O Conselho dos Arquitetos da Europa, como principal voz da profissão de arquiteto na Europa, tem realizado diversos estudos que defendem a importância da regulamentação profissional no interesse público, refutando sugestões de que essa regulamentação causa efeitos restritivos injustificados. A regulamentação profissional contribui positivamente para o bem-estar económico, social e ambiental dos cidadãos europeus.

Assim, a Ordem dos Arquitetos (AO) portuguesa tem um papel fundamental nesta regulamentação, como as suas congéneres europeias têm, pois, a sua missão é supervisionar e representar a prática da arquitetura e dos profissionais arquitetos. Neste sentido, é urgente que a OA aposte numa prática sustentável dos profissionais para que seja possível ao setor da construção alavancar a sustentabilidade social, económica e ambiental do país.