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Teletrabalho, videoconferências e restrição de viagens nos planos de contenção dos bancos contra o Covid-19

O Jornal Económico quis saber os planos de contingência dos principais bancos a operar em Portugal para mitigar o contágio do coronavírus. Instituições bancárias dizem respeitar as orientações das autoridades da saúde.
  • Cristina Bernardo
10 Março 2020, 21h20

A propagação do Covid-19, que já infetou 41 pessoas em Portugal, havendo ainda 375 casos suspeitos, já levou o Governo a suspender todos os voos para Itália, o país europeu mais afetado com o novo coronavírus. A banca nacional ainda não tomou medidas tão drásticas, mas todos os bancos contactados pelo Jornal Económico frisaram que têm planos de contenção em ação.

O maior banco português, a Caixa Geral de Depósitos, diz estar “a acompanhar a evolução da situação relacionada com o COVID-19 e tomará as medidas necessárias para fazer face às situações com que for confrontada” e admite estar “a reforçar as medidas previstas no seu Plano de Contingência, por forma a minimizar possíveis impactos”.

Fonte oficial do banco do Estado explicou que estas medidas se enquadram no âmbito das determinações da Direção Geral da Saúde (DGS), sendo que “abrangem diversas vertentes”. Assim, o banco público está a divulgar os procedimentos a adoptar para minimizar as condições de propagação entre colaboradores e clientes.

“Incluem-se neste âmbito, ações de reforço da limpeza dos espaços e desinfeção dos mesmos, aquisição de material de proteção e limitação de viagens, nomeadamente para locais classificados como de maior risco por parte da DGS, para além dos mecanismos prevendo o encerramento temporário de agências em áreas designadas como de risco pela DGS e a possibilidade ter colaboradores a trabalhar à distância em caso de necessidade”, referiu a CGD.

A instituição financeira liderada por Paulo Macedo mostrou-se ainda “disponível para estudar e apoiar os seus clientes a ultrapassar eventuais constrangimentos que advenham do Covid-19, estudando as medidas que melhor se adequem a cada caso”.

O Millennium bcp, liderado por Miguel Maya, diz estar a “observar escrupulosamente todas as recomendações as recomendações emitidas pelas autoridades competentes (no caso de Portugal, as orientações da DGS e da OMS”, em todas as geografias onde a instituição financeira opera.

Além disso, o único banco português cotado em bolsa referiu que, de forma a mitigar o risco de contágio, “as viagens ao estrangeiro e as viagens com recurso a transporte aéreo estão condicionadas”.

“Como já é prática no banco, sempre que possível privilegiam-se as reuniões por videoconferência”, disse fonte oficial do BCP.

O Jornal Económico apurou junto de fonte próxima ao processo que o BCP tem delineada uma zona de quarentena no Tagus Park, em Lisboa, sede do banco, com o mesmo a suceder nos edifícios centrais que a instituição financeira tem no Porto. A mesma fonte referiu ainda que o banco estaria pronto a encerrar balcões, caso fosse necessário.

Confrontada, fonte oficial do BCP disse que o banco não comenta pormenores, mas notou “que as medidas [indicadas] são contempladas nas orientações da DGS“.

Por seu turno, o Novo Banco, liderado por António Ramalho, também tem desenvolvido “todo um plano de implementação das recomendações da DGS, para além da adopção de todas as medidas de prevenção e salvaguarda de colaboradores e clientes enquadradas no seu plano de contingência”.

“Neste plano está incluída a contenção de viagens, tal como recomendado pela DGS”, salientou fonte oficial do Novo Banco.

Além disso, a instituição financeira liderada por António Ramalho referiu que foram canceladas ou adiadas viagens profissionais “por iniciativa própria” e tem sido dada “prioridade à substituição das reuniões presenciais por reuniões através de meios de comunicação à distância, nomeadamente por videoconferências ou por telefone”. O banco referiu ainda que “está a avaliar, nas áreas mais críticas, a implementação de soluções de teletrabalho”.

O Santander Totta refere que “está a situação de perto” e segue as orientações das autoridades relevantes, onde se incluem a OMS, a DGS e o Ministério da Saúde.

Fonte oficial do banco liderado por Pedro Castro e Almeida explicou que aos colaboradores foi recomendado “não viajarem para as áreas com transmissão comunitária ativa”, além de privilegiarem “a utilização de canais alternativos de chamada ou videochamada, reforçando, portanto, a utilização dos dispositivos tecnológicos de comunicação e informação”, para desempenho das funções profissionais.

“Os colaboradores que regressem de alguma das geografias indicadas devem ficar de quarentena nos primeiros 14 dias seguidos após o seu regresso, e sempre que possível em regime de teletrabalho (trabalhar de casa).  Se algum colaborador tiver viajado para algum destes destinos nos últimos 14 dias, ou tiver previsto viajar para os mesmos, deve comunicar à área de Gestão de Pessoas”, referiu a mesma fonte.

“Todos os colaboradores devem seguir as recomendações de proteção básicas das autoridades de saúde, que se aplicam tanto para limitar o contágio do coronavírus como de outras doenças contagiosas como a gripe. Foi criado um microsite interno que reúne a informação essencial para que os colaboradores tenham acesso a informação atualizada relativamente a este tema”, adiantou.

Por sua vez, o BPI, liderado por Pablo Forero, refere que para as situações de isolamento ou de quarentena existe “a possibilidade de activar o teletrabalho, para o qual estão disponíveis a tecnologia e os equipamentos necessários”. O banco esclarece ainda que independentemente de ser ativado, ou não, o teletrabalho, “a situação salarial e o processamento dos salários não serão afectados”.

A instituição financeira liderada por Pablo Forero referiu ainda que “foram adoptadas todas as medidas de prevenção e contenção recomendadas pelas autoridades, nomeadamente as que se relacionam com a higienização dos locais de trabalho, a redução das deslocações ao mínimo necessário e a restrição de viajar para zonas de maior risco”.

O Abanca disse apenas que “definiu um conjunto de procedimentos” segundo as recomendações da DGS. “Estes procedimentos incluem a definição de um plano de prevenção que visa assegurar a continuidade do negócio”, sendo que o banco “definiu ainda um protocolo de atuação na identificação de potenciais casos de coronavírus”.

Já o Bankinter diz estar “a acompanhar com máxima atenção as orientações e normas de atuação que, a cada momento, estão a ser emitidas pelas autoridades de saúde”. “O Plano de Contingência foi ativado e as suas medidas estão em implementação em função da análise que estamos a realizar a cada momento nas várias localizações do banco”, disse fonte oficial do banco que em Portugal é liderado por Alberto Ramos.

Nota: notícia atualizada 22h21 com as respostas às questões colocadas ao BPI. Questionado, o Banco Montepio não prestou declarações.

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