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Tema do segundo aeroporto devia ser “enterrado” de forma a que Portugal cumpra metas climáticas

O diretor da Sky Expert admitiu ao Jornal Económico que não será possível Portugal cumprir metas de redução de emissões e ao mesmo tempo construir um novo aeroporto.
9 Agosto 2022, 11h21

No âmbito do compromisso com a redução das emissões de carbono, o Aeroporto de Amesterdão Schiphol (AMS) anunciou que vai reduzir mais de 10% dos seus voos. Em Portugal também existe a meta de se reduzir as emissões, mas, por outro lado, também se fala na construção de um novo aeroporto e em criar voos noturnos, medidas que não estão em linha com os objetivos climáticos, segundo o diretor da Sky Expert e consultor em estratégia comercial para a aviação, Pedro Castro.

“No estado atual da aviação ainda não temos uma solução que permita continuar com o mesmo ritmo e, ao mesmo tempo, fazer uma redução de emissões tal como está definida entre os estados europeus”, admitiu ao Jornal Económico Pedro Castro.

Ainda não existe uma solução que acuda tanto ao ritmo dos aeroportos como à redução das emissões, mas Portugal já está “em contraciclo” em relação às metas climáticas. “No momento em que na Europa se fala e existe o compromisso de reduzir emissões, em Portugal diz-se que: ‘sim, senhor, temos de reduzir, o ambiente é muito importante’ e, ao mesmo tempo, fala-se na construção de um segundo ou terceiro aeroporto em Lisboa”.

Para Pedro Castro, que considera que “discutir o tema da agenda climática em Portugal, no sector aéreo, parece uma piada”, o mínimo “que devíamos fazer em Portugal era enterrar o tema do segundo aeroporto”.

O especialista recorda também que “há dez anos quando se começou a discutir a construção do novo aeroporto esta agenda climática ainda não existia, nós hoje falamos de um segundo aeroporto como se estes compromissos não existissem”. Como parte dos esforços para reduzir as emissões totais da UE em 55% até 2030 e para atingir emissões líquidas nulas até 2050, a UE tem planos ambiciosos para combater as alterações climáticas, que incluem o sector da aviação.

O que também não ajudará Portugal a cumprir com a redução de emissões será a criação de voos noturnos no aeroporto de Lisboa. No dia 3 de agosto, foi iniciado um processo de consulta pública sobre portaria que passará a permitir voos noturnos sem limites no aeroporto de Lisboa.

Nesta matéria, Pedro Castro destaca que existe o problema “não só da agenda climática”, mas também “da saúde das pessoas”.

“Dá esta sensação de estarmos a fazer a lei que mais beneficia não o sector, não a indústria e muito menos as pessoas, mas a lei que mais beneficia o operador económico detido pelo Estado”, considerou o diretor da Sky Expert, deixando ainda uma questão: “Qual o interesse de provocar ainda mais ruído à volta do aeroporto?”

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