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Terrorismo, Brexit e queda da libra. As causas da falência da Monarch

A maior insolvência da história da aviação do Reino Unido aconteceu na passada segunda-feira e deixou 110 mil pessoas sem meio de voltar a casa. O que esteve na origem da queda da Monarch? A culpa pode repartir-se entre o Brexit, o terrorismo e a queda da libra.
3 Outubro 2017, 14h22

Depois de anos de dificuldades financeiras, a Monarch anunciou a sua insolvência na passada segunda-feira, a maior da história da aviação civil no Reino Unido e deixou cerca de 110 mil passageiros sem forma de viajar de regresso a casa. Apesar de ter sido surpreendente, a falência da Monarch não foi uma surpresa. Os primeiros indícios de que a companhia aérea com cerca de 50 anos estava perto do fim surgiram em setembro de 2016, mas a companhia negou estar em dificuldades. Na altura, a empresa de investimento Greybull Capital injetou capital na empresa, que mais tarde se soube ter perdido 291 milhões de libras (392 milhões de euros) até outubro de 2016.

As causas da queda
Ao Daily Telegraph, o fundador da Greybull Capital, Marc Meyohas, disse que na origem da queda da Monarch esteve a incapacidade de a empresa, devido ao seu tamanho, lidar com o aumento de ataques terroristas no Médio Oriente e na Europa e com a incerteza persistente do Brexit, que também levou à desvalorização da libra desde o referendo.

A queda da libra é algo com que todas as companhias britânicas lidam desde o referendo do Brexit e a Monarch não foi exceção. O resultado foi uma descida do número de pessoas capazes viajar de férias e um aumento do preço do combustível. Também o terrorismo é um assunto que afeta toda a indústria, mas que atingiu particularmente a Monarch porque grande parte das suas receitas provinham do Egito e da Turquia, países onde o terrorismo fez descer a procura.

Mas se estes problemas afetam toda a indústria, o que teve de especial o caso da Monarch? John Strickland, consultor de aviação, afirmou na passada semana ao Financial Times que o problema foi que “a Monarch tentou reinventar-se como companhia low-cost numa altura em que o mercado já está bem estabelecido e dominado por players de peso como a Ryanair ou a EasyJet”. A empresa adotou o modelo low-cost em 2004 “para tentar acompanhar a EasyJet, mas já estava no princípio do fim. Voos para alguns destinos foram cancelados por causa da baixa procura e os aviões em leasing foram devolvidos”, afirma Symes.

O resultado foi, como aponta Neil Wilson, analista sénior da ETX Capital, que a “Monarch transportou mais 14% de passageiros em 2016, mas obteve menos 100 milhões de libras (112 milhões de euros) de receita”. Num mercado em que as margens de lucro são consumidas pelos preços mais baixos para ganhar quota de mercado, a falta de liquidez da Monarch colocou-a numa posição muito debilitada, o que não lhe permitiu resistir à alteração tarifária que veio com o Brexit.

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