[weglot_switcher]

Topo da agenda: o que não pode perder na economia e nos mercados esta semana

A semana irá ser curta devido ao feriado de quinta-feira, mas é longa em motivos de interesse. O impasse político em Itália ganhou novos contornos e deverá centrar as atenções dos investidores, Angela Merkel visita Portugal, o INE irá divulgar dados da inflação, do emprego e do PIB e a semana poderá fechar com um relatório da Fitch.
  • Angela Merkel
28 Maio 2018, 07h45

Indicadores de saúde económica 

O Instituto Nacional de Estatística divulga esta semana vários do indicadores que servem para tomar o pulso da economia nacional. Segunda-feira o INE publica o Inquérito à Avaliação Bancária na Habitação de abril, e no dia seguinte a sondagem do clima económico e a confiança dos consumidores.

Os ‘pratos fortes’ chegam, no entanto, na quarta-feira. O instituto irá anunciar a estimativa da inflação de maio, após queda de 0,3 pontos percentuais do aumento do preços em termos homólogos em abril, para 0,4%, No mesmo dia, vai apresentar as estimativas mensais de emprego e desemprego em abril e a segunda leitura do PIB do primeiro trimestre Na primeira leitura, divulgada a 15 de maio,  o INE estimou uma expansão de 2,1% da economia nacional em termos homólogos e de 0,4% face ao último trimestre de 2017.

Zona euro: inflação chama todas as atenções

Tal como em Portugal, no zona euro como um todo a inflação de abril contrariou as expetativas ao desacelerar para 1,2% de 1,3%, com a inflação core, ou seja, sem contabilizar os preços dos bens alimentares e da energia a tombar para 0,7% de 1%.

“Na zona euro, todas as atenções vão estar centradas na divulgação dos números da inflação de maio [esta quinta-feira] e após o choque de abril poderemos uma certa recuperação este mês “, referiram os analistas do ING, salientando ainda que vários decisores do Banco Central Europeu irão proferir discursos esta semana para preparar o terreno para a reunião de política monetária de junho. “Essa é uma reunião que parece cada vez mais uma na qual o BCE irá tentar comprar tempo”.

Merkel traz futuro da Europa na mala

A chanceler alemã, Angela Merkel, faz esta semana uma visita de dois dias a Portugal para discutir questões bilaterais e ainda temas sobre o futuro da Europa. Acompanhada pelo primeiro-ministro, António Costa, a líder alemã visitará na quarta-feira, em Braga, o novo Centro de Investigação e Desenvolvimento da empresa Bosch e, no Porto, o Instituto de Investigação e Inovação em Saúde, I3s.  O programa inclui também um debate sobre o projeto europeu com estudantes de doutoramento da Universidade do Porto, no âmbito da iniciativa “Encontros com os cidadãos”.

No dia 31, em Lisboa, a chanceler será recebida pelo Presidente da República e reunirá com o primeiro-ministro. “O encontro que os dois chefes de governo manterão na manhã do dia 31 permitirá, além de reforçar as relações políticas e económicas bilaterais, prosseguir o trabalho estreito que vêm desenvolvendo em temas centrais para o futuro da Europa, em particular o roteiro para completar a União Económica e Monetária, a gestão das migrações e o futuro Quadro Financeiro Plurianual”, explica a nota oficial do Governo português sobre a visita.

Itália: novo episódio no impasse político

As conversas que Merkel irá ter com Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa irão certamente inclui uma análise do impasse político em Itália, que teve novos contornos este fim de semana e que vai continuar a preocupar os líderes europeus e o investidores.

O primeiro-ministro indigitado Giuseppe Conte desistiu este domingo de formar governo após o presidente Sergio Mattarella ter rejeitado a escolha de um eurocético para o lugar de ministro da Economia. Na passada quarta-feira, Mattarella tinha indigitado Conte para formar uma governo de coligação entre Movimento 5 Estrelas e a Liga, um partido de extrema-direita, e quebrar o impasse político que dura desde 4 de março.

Na sexta-feira, com os investidores nervosos sobre a possibilidade de a Europa ter de enfrentar um governo que estaria contra o projeto comum, a taxa da dívida soberana italiana a 10 anos subiu para 2,461%, o nível mais elevado desde outubro de 2014 e o diferencial face à equivalente alemã tocou em 200 pontos base, máximos de quase um ano.

Este sábado, a coligação entre o movimento anti-sistema 5 Estrelas e a Liga, um partido de extrema-direita, pressionou o presidente Sergio Mattarella a lista de ministros entregue pelo novo primeiro-ministro Giuseppe Conte. O problema é que o elenco que contém um ministro da Economia, Paolo Savona, que é contra o euro e a União Europeia (UE).

“Enquanto o Reino Unido e o resto da UE continuam a negociar o Brexit, o espetro de um outro outro exit entrou em cena, o Italexit“, referiu Hans-Jörg Naumer, Global Head of Global Capital Markets na Allianz Global Investors, salientando que o nervosismo já está a afetar as dívidas gregas, espanholas e portuguesas.

Nova vitamina Fitch para Portugal?

A Standard & Poor’s em setembro provocou a maior surpresa ao retirar o rating soberano de Portugal do patamar de ‘lixo’, mas a agência Fitch não quis ficar atrás e a 15 de dezembro também colocou a notação do país em grau de investimento, mas surpreendeu com uma subida de dois escalões para BBB com outlook estável.

A Fitch deverá esta sexta-feira à noite divulgar um novo relatório sobre o rating português. Os eventos do ano passado demonstrar que é arriscado fazer prognósticos sobre as decisões, mas a tendência do início deste ano sugere que será improvável uma nova melhoria.

Apesar de novos elogios, a Standard and Poor’s em janeiro manteve a notação inalterada. A 21 de abril, a Moody’s optou por não publicar qualquer relatório sobre o país, mas explicou ao só irá tirar o rating de Portugal do ‘lixo’ quando tiver confiança na sustentabilidade do crescimento económico e da trajetória de redução da dívida e do défice.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.