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Tostas de abacate e margaritas de tequila em risco, se Trump fechar a fronteira com o México

O presidente Donald Trump anunciou na passada sexta-feira, 29 de março, que havia “uma grande possibilidade” de fechar a fronteira esta semana caso o México não impedisse os imigrantes ilegais de chegar aos Estados Unidos.
3 Abril 2019, 10h38

Donald Trump quer que o Governo mexicano faça mais para impedir que os imigrantes ilegais entrem nos Estados Unidos a partir do México. O presidente norte-americano ameaçou na passada sexta-feira, 29 de março, que havia “uma grande possibilidade” de fechar a fronteira esta semana caso o México não impedisse os imigrantes ilegais de chegar aos Estados Unidos.

Este encerramento da fronteira iria colocar em risco o abastecimento de alguns produtos usados pelos norte-americanos no dia-a-dia, como o fruto abacate, usado nas tostas de abacate, muito apreciadas pela geração dos millennials. Ainda assim, este não seria o único produto em risco de desaparecer das prateleiras de supermercados norte-americanos.

A famosa bebida ‘margarita’ iria deixar de ser servida. Sem a bebida alcoólica mexicana tequila e sem as limas, também mexicanas, para adornar o copo e o sumo cítrico para balançar o ácido e salgado, os norte-americanos iriam deixar de saborear esta bebida clássica mexicana.

Segundo a agência Reuters, perto de metade dos vegetais importados pelos Estados Unidos e 40% da fruta importada provém do México. De acordo com o presidente e chefe-executivo da ‘Mission Produce’, Steve Barnard, os norte-americanos ficariam sem abacates (um dos frutos mais procurados nos últimos tempos) em três semanas caso as importações mexicanas parassem.

“Não podiam escolher a pior altura do ano, porque o México fornece cerca de 100% dos abacates aos Estados Unidos”, afirmou o presidente da maior distribuidora e produtora de abacate do mundo. “A Califórnia apenas está a começar e tem uma colheita muito pequena, mas não são revelantes, pelo menos por agora”, continuou.

O presidente Donald Trump anunciou na passada sexta-feira, 29 de março, que havia “uma grande possibilidade” de fechar a fronteira esta semana caso o México não impedisse os imigrantes de chegar aos Estados Unidos. Um shutdown fronteiriço iria perturbar milhões de passageiros legais e pedidos de asilo, além de vários mil milhões de dólares, sendo que cerca de 137 mil milhões de dólares (122 mil milhões de euros) seriam apenas de importações alimentares.

Monica Ganley, da Quarterra, especializada em agricultura latino-americana, disse que “quando uma fronteira fecha ou são colocadas barreiras nas trocas comerciais, acredito que existam impacto diretos nos consumidores”. “Vamos claramente ver um aumento de preços. É uma preocupação real para os consumidores norte-americanos”, continuou Ganley.

No entanto, os efeitos de um shutdown iria afetar os dois lados da fronteira. Apesar de os Estados Unidos sentirem a falta de abacate, tomate, pepino, frutos vermelhos e cítricos, o México seria o mais afetado, uma vez que é um grande importador dos Estado Unidos quando se fala de combustíveis fósseis. Embora não se saiba se as linhas férreas seriam cortadas, a gasolina e o diesel podem não chegar ao México.

Com a diferença na alimentação, a procura por alimentos frescos tem apresentado um crescimento cada vez maior. As importações norte-americanas triplicaram desde 1999, e desde esse período que o México parou de fornecer menos de um terço de produtos importados para 44%.

Ainda que o preço das ações das grandes superfícies comerciais dos Estados Unidos, como o Walmart e a Kroger, não tenham dado indicações de que podem vir a afetadas, as empresas alimentares afirmam que vão ser as primeiras afetadas. “Vamos deixar de ter negócio”, garante Barnard.

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