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Trabalhadores da Autoeuropa chumbam pré-acordo laboral que previa aumentos salariais de 2%

O pré-acordo previa aumentos salariais de 2% (num mínimo de 25 euros) para 2022, e de outros 2% (com um mínimo de 30 euros) para 2023.
26 Fevereiro 2022, 11h11

Os trabalhadores da Autoeuropa chumbaram na sexta-feira o pré-acordo laboral alcançado entre a comissão de trabalhadores (CT) e a administração da empresa.

O pré-acordo para 2022/2023 foi chumbado por 60% dos trabalhadores, com apenas 39% a aprovarem o acordo e uma abstenção de 21%, segundo dados da CT.

“Face à vontade expressa democraticamente pela maioria dos trabalhadores, a CT irá na próxima semana reunir e fazer a avaliação dos resultados desta votação, bem como exigir à empresa o regresso à mesa negocial”, segundo comunicado divulgado pela CT.

O pré-acordo previa aumentos salariais de 2% (num mínimo de 25 euros) para 2022, e de outros 2% (com um mínimo de 30 euros) para 2023.

No seu comunicado, datado de 10 de fevereiro, a CT destacava que “num contexto de baixa substancial de volume previsto, relativamente à capacidade instalada na fábrica, provocada pela crise dos semicondutores e que punha a causa a manutenção da quarta equipa, a CT conseguiu entre outros aspetos garantir neste pré-acordo, as questões essenciais com que se tinha comprometido com os trabalhadores”.

Ao mesmo tempo, segundo o pré-acordo agora chumbado, está prevista a “manutenção dos prémios de fim de semana”; “anúncio de um novo carro durante a vigência deste acordo”, como já referido; “três dias especiais sem critérios para gozo individual de todos os trabalhadores em 2022”; “aumento do valor a atribuir para as bolsas de estudo para oito mil euros”; “transformação do prémio de 2022 em 22 dias não trabalháveis de forma a garantir a manutenção da quarta equipa. Nesta proposta está salvaguardado o pagamento do prémio proporcionalmente a um aumento de volume da produção previstas. Estes dias são de gozo coletivo e só serão utilizados após a utilização dos 22 down days”; “reposição excecional do prémio de objetivos de 2021, devido ao efeito da pandemia Covid-19 por ausências devido a períodos de isolamento e das ausências devido assistência a filhos menores por fecho das escolas”.

Autoeuropa quer anunciar novo modelo até ao final de 2023

O novo modelo da Autoeuropa pode ser anunciado até ao final de 2023. O modelo mais recente da maior exportadora nacional a ser introduzido na linha de montagem foi o SUV T-Roc no verão de 2017.

Esta informação consta do comunicado divulgado pela Comissão de Trabalhadores (CT), a que o JE teve acesso, onde anuncia um pré-acordo com a administração da empresa com vista a uma subida salarial de 2% em 2022 e em 2023.

Segundo informação recolhida pelo JE junto de fontes em Palmela, a chegada de um novo modelo  é desejada tanto pela administração como pelos trabalhadores (num total de mais de 5.100 pessoas).

A decisão de atribuir um novo modelo a uma determinada fábrica é sempre tomada pela casa-mãe da Volkswagen, na sede de Wolfsburgo, no norte da Alemanha. As diferentes fábricas da marca alemã em todo o mundo competem entre si para ficarem com um determinado modelo.

No caso do T-Roc, a atribuição da produção do modelo foi sentida como um prémio em Palmela – tanto no chão de fábrica como nos gabinetes da administração. Esta era uma velha ambição da Autoeuropa: produzir um modelo de grande escala que catapultasse a fábrica em termos de números de produção, para subir à primeira divisão da empresa.

Neste momento, conforme apurou o JE, existem dois fatores cruciais para a vinda de um novo modelo. Primeiro, o novo homem forte da Autoeuropa – o alemão Thomas Hegel Gunther – vai ter de levar a bom porto as negociações com Wolfsburgo. Depois, a aprovação pelos trabalhadores de novo acordo laboral é essencial, pois a paz social é considerada um fator crucial para uma fábrica receber um novo modelo.

Na fábrica de Palmela, correm rumores entre os trabalhadores que a monovolume Volkswagen Sharan/Seat Alhambra pode vir a ser descontinuada no final deste ano, mas nenhuma decisão oficial foi ainda tomada, pois continuam a existir encomendas para este modelo. O T-Roc pesa cerca de 90% na produção total da fábrica, com os monovolumes a pesarem 10%

Contactada pelo JE, fonte oficial rejeitou fazer comentários tanto sobre um eventual novo modelo como sobre a descontinuação da Sharan.

A Autoeuropa é a ‘rainha’ das fábricas automóveis em Portugal, pois é onde são fabricados a maior parte dos veículos em Portugal: em 2021 produziu quase 211 mil autómoveis, uma subida de mais de 9% face a 2020. Apesar da crise pandémica e dos semicondutores, a empresa registou o seu terceiro melhor ano de produção no ano passado.

Em novembro, a Volkswagen anunciou que pretendia investir mais 500 milhões de euros na Autoeuropa nos próximos cinco anos.

“Nos próximos cinco anos pretendemos investir mais de 500 milhões de euros em produto, equipamento e infraestruturas”, disse o administrador da empresa Alexander Seitz na celebração dos 30 anos da fábrica, citado pela “Lusa”.

Em dezembro, a CT anunciou que a Autoeuropa prevê uma produção de 204 mil automóveis em 2022, menos 53 mil face a 2021, o que poderá colocar em causa o futuro de 900 trabalhadores da fábrica, com um eventual fim do quarto turno diário na fábrica, noticiou a “Lusa” na altura. A redução na produção deve-se à crise mundial de semicondutores.

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