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Trabalhadores da Miele na Rússia têm empregos e salários para mais seis meses

A empresa alemã de eletrodomésticos, que teve um crescimento de 14% nas vendas em Portugal no ano passado, congelou os investimentos no mercado russo “até novo aviso”. Os postos de trabalho em Moscovo não estão assegurados na segunda metade do ano.
29 Março 2022, 19h18

A empresa de eletrodomésticos Miele, que interrompeu o envio de eletrodomésticos para a Rússia em meados de março e congelou os investimentos no mercado russo, garante que o emprego e o salário dos mais de 230 trabalhadores em Moscovo estão assegurados, pelo menos, para os próximos seis meses.

Sem detalhar os planos para o segundo semestre, a fabricante de máquinas de lavar, fornos e aspiradores diz que o contexto geopolítico e as incertezas daí resultantes ditaram o cumprimento das sanções da União Europeia “até novo aviso” e o fecho das lojas físicas (Miele Experience Centers) e virtual passada – sem contar com os produtos para o sector da saúde, que ficaram isentos.

O grupo Miele teve um volume de negócios global de 4,84 mil milhões de euros no ano passado, depois de crescer 7,5% em termos homólogos. O mercado português apresentou uma performance superior à média e subiu a dois dígitos comparativamente a 2020 (+14%), mas foram sobretudo a Europa Oriental, a China e os Estados Unidos que mais contribuíram para os números particularmente forte.

Em 123 anos, a multinacional alemã nunca tinha vendido nem construídos tantos produtos, mas também se ressentiu com a crise dos chips. “Por um lado, o muito publicitado boom histórico no sector doméstico desencadeado pela Covid-19 proporcionou (e proporciona) um grande impulso. Por outro lado, a Miele sentiu o impacto da rotura nas cadeias de fornecimento mundiais, em particular no que diz respeito aos semicondutores”, argumentou a empresa de Gütersloh no relatório financeiro divulgado há duas semanas.

No país de origem, a Alemanha, as vendas atingiram 1,39 mil milhões de euros depois de subirem 5,1%. No final de 2021 – ano em que a empresa atingiu a neutralidade carbónica em todas as instalações – estavam empregadas no Grupo Miele um total de 21.921 pessoas em todo o mundo (das quais 11.397 na Alemanha), o que representa um máximo histórico e mais 977 do que em 2020.

“As perspetivas para o resto do ano, porém, são dominadas pelas repercussões políticas e económicas da guerra na Ucrânia, onde a Miele é representada pela sua própria filial, como é também o caso na Rússia. O conselho de administração e os colaboradores do grupo estão profundamente chocados com o sofrimento das pessoas na zona de guerra e nas rotas de saída. Há uma grande onda de solidariedade em todo o grupo, começando pela proteção dos 54 colaboradores da Miele na Ucrânia, e das suas famílias”, lê-se no documento das contas.

As 25 lojas da marca recentemente inauguradas foram Doncaster (perto de Melbourne), Düsseldorf, Edimburgo, Pequim, Tallinn e Varsóvia.

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