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Transtejo lança concurso para comprar baterias para novos navios elétricos

Compra separada dos navios e das baterias provocou fortes críticas do Tribunal de Contas que culminou na demissão do conselho de administração da Transtejo.
9 Junho 2023, 16h58

A Transtejo vai lançar um concurso público internacional para a aquisição de conjuntos de baterias marítimas para nove dos dez novos navios elétricos em construção.

O concurso tem um valor base de 16 milhões de euros e tem por objetivo “assegurar o fornecimento, compatibilidade e garantia dos sistemas de armazenamento de energia a instalar nos nove navios de propulsão elétrica que vão integrar a nova frota destinada a assegurar o serviço público de transporte fluvial de passageiros entre as duas margens do Rio Tejo na Área Metropolitana de Lisboa, nas ligações de Cacilhas, Montijo e Seixal”.

Depois de adquiridos, a instalação ficará a cargo do estaleiro espanhol Astilleros Gondan, responsável pela construção dos dez novos navios. Um dos conjunto já foi instalado no primeiro navio, o Cegonha-Branca que já se encontra a realizar testes no rio Tejo.

A Transtejo disse que os seus dez futuros navios elétricos vão conseguir ser carregados em seis minutos, no formato carga rápida. “A bateria da nova frota elétrica tem uma autonomia (comprovada pela Sociedade Classificadora em testes reais) superior a 1 hora e 20 minutos, à velocidade de serviço (16 nós) [cerca de 30 km/h]”, disse fonte oficial da Transtejo no início de março em resposta às perguntas colocadas pelo JE.

Sobre os tempos de carga, a empresa pública avança que “em carregamento lento, a recuperação da totalidade da carga a partir do nível mínimo de segurança é de oito horas. Já em carregamento rápido, entre carreiras, prevê-se a média seis minutos para carregar as baterias”.

Até ao final do ano, prevê-se a entrega de mais três navios, por parte do estaleiro. “A entrada ao serviço dos novos navios elétricos ocorrerá após a sua chegada, registo com bandeira portuguesa e formação das respetivas tripulações, não se encontrando, ainda, estabelecida uma data efetiva para tal”, adiantou a empresa na altura.

Recorde-se que a questão da compra em separado dos navios e das baterias foi bastante criticada pelo Tribunal de Contas (TdC) em março. “A Transtejo comprou um navio completo e nove navios incompletos, sem poderem funcionar, porque não estavam dotados de baterias necessárias para o efeito. O mesmo seria, com as devidas adaptações, comprar um automóvel sem motor, uma moto sem rodas ou uma bicicleta sem pedais, reservando-se para um procedimento posterior a sua aquisição”, segundo a análise do organismo.

Como resultado, o conselho de administração da Transtejo/Soflusa foi demitido .

“O comportamento da Transtejo, com a prática de um conjunto sucessivo de decisões que são não apenas economicamente irracionais, mas também ilegais, algumas com um elevado grau de gravidade, atinge o interesse financeiro do Estado e tem um elevado impacto social”, disse o TdC.

Em resposta, a anterior presidente da Transtejo Marina Ferreira considerou as conclusões do tribunal “ofensivas e ultrajantes” e defendeu que o “procedimento foi bem feito e promoveu o interesse público”.

O Governo vai investir mais de 85 milhões de euros para comprar estes dez navios elétricos, os carregadores e as baterias. Para 2024, está prevista a entrega de mais quatro navios, com os restantes dois a chegar em em 2025.

As cinco estações de carregamento rápido deverão estar operacionais durante o segundo semestre deste ano, e ficarão localizadas nos terminais fluviais do Seixal, Cais do Sodré, Montijo e Cacilhas.

Segundo os dados do construtor, os estaleiros Gondan localizado no norte de Espanha, os navios vão ter um comprimento de 40 metros, com capacidade para 544 passageiros. Na versão do estaleiro asturiano, a sua autonomia é menos generosa: atinge os 70 minutos à velocidade cruzeiro.

“O Concurso Público Internacional agora lançado, enquadra-se no Plano de Renovação da Frota da Transtejo, S.A., o qual inclui a aquisição de dez navios de propulsão elétrica, bem como o fornecimento, instalação e certificação dos postos de carregamento que garantam o abastecimento das novas embarcações. O Plano de Renovação da Frota permite à Transtejo transformar a sua operação numa referência do serviço público de transporte de passageiros – serviço fiável, seguro, confortável e sustentável – e contribuir para o processo de descarbonização da atividade”, disse hoje a empresa.

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