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“Troika deixou marcas no mercado de trabalho”, realça Secretário de Estado do Emprego

Num discurso onde traçou o cenário do emprego em Portugal nos últimos três anos, com ênfase para a queda da taxa de desemprego e aumento do emprego criado, Miguel Cabrita chamou ao Governo parte dos louros.
  • Cristina Bernardo
25 Setembro 2018, 19h46

O Governo regozija-se com a recuperação da taxa de emprego em Portugal desde 2015, mas o legado da crise não é esquecido. Foi esta a mensagem que o Secretário de Estado do Emprego, Miguel Cabrita, realçou esta terça-feira no debate “O emprego depois da crise”, promovido pela UGT, pela SBSI e pela Global Union, em Lisboa.

Num discurso onde traçou o cenário do emprego em Portugal nos últimos três anos, com ênfase para a queda da taxa de desemprego e aumento do emprego criado, Miguel Cabrita não negou a responsabilidade do Governo no resultado positivo: “Nem tudo se deve à mudança política, mas se não podemos atribuir tudo a essa mudança é certo que ela teve algum peso”.

O Secretário de Estado recordou ainda as “marcas e cicatrizes” deixadas pela crise, “embora algumas corrigidas e apagadas”.

“Apesar de toda esta recuperação desde 2015, toda a trajetória de intervenção externa da Troika deixou marcas muito concretas no mercado de trabalho”, disse num auditório com representantes sindicais de Itália, Espanha, Malta, França e Chipre e que contou ainda com a presença do secretário-geral da UGT, Carlos Silva, e do antigo presidente do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) Jorge Gaspar.

Miguel Cabrita considerou que “existiu um conjunto de pressões para flexibilizar o mercado de trabalho”, que se traduziu por exemplo por uma descentralização da negociação colectiva – que considerou “na prática, colocar obstáculos inultrapassáveis à negociação. Reafirmou ainda o compromisso do Governo com o aumento faseado do salário mínimo para que em 2019 atinja os 600 euros e mostrou-se confiante na “política de devolução de rendimentos às famílias” e no contexto externo favorável.

Por seu lado, o presidente do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas, Rui Riso, considerou, em declarações ao Jornal Económico, que “a expectativa é que a taxa de desemprego vá descendo porque têm sido criadas um conjunto de novas regras que permitem essa criação”.

“A questão da contratação colectiva, que é fundamental, a questão das portarias de extensão, os equilíbrios que se têm feito no mercado de trabalho em Portugal permitem almejar que o futuro não sendo absolutamente risonho, será melhor e o desemprego irá continuar a descer”, defendeu. Identificou determinados setores, como o financeiro que tem sido experenciado a perda de postos de trabalho.

Rui Riso reconheceu que a qualidade dos postos de trabalho é um tema a ter em agenda, ainda que antecipe que resultará num cenário positivo. Ainda assim, alertou para problemas setoriais como nível salarial do setor hoteleiro.

“Sabemos que uma parte da economia da hotelaria assenta em baixos salários, chegou a altura provavelmente de se melhorarem esses salários, esses empregos que são empregos que muitos deles já têm muita qualificação e que haja uma compensação desses trabalhadores. Que haja uma melhoria desses trabalhos”, concluiu.

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