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Ucrânia. Soldados russos estão a ir casa-a-casa recolher votos para os referendos

Só existe um boletim de voto por casa, e não por cidadão. Soldados perguntam qual o sentido de voto e depois anotam numa folha. Ucranianos temem represálias pelos soldados se votarem contra integração das regiões na Rússia.
24 Setembro 2022, 10h00

Os soldados russos estão a ir casa-a-casa nas regiões ocupadas da Ucrânia para recolher votos para os referendos que vão durar cinco dias sobre a independência das regiões: de Lugansk e Donetsk no leste do país, e de Kherson e Zaporijia no sul.

Armados, os soldados perguntam aos residentes o seu sentido de voto. E apenas existe um boletim de voto por casa, não por pessoa.

“Temos de responder verbalmente e o soldado marca a resposta na folha e continua”, disse à “BBC” uma mulher que vive em Enerhodar, na região da Zaporijia no sul do país.

Na cidade portuária de Kherson no sul do país, os soldados russos colocaram uma urna no meio da cidade para recolher os votos das pessoas.

Em Melitopol, na região de Zaporijia, outro caso de voto verbal casa-a-casa: “O meu pai votou ‘não’ [para se juntar à Rússia]. Ao seu lado, a minha mãe perguntou o que lhes aconteceria por votarem ‘não’. Os soldados responderam que ‘nada’, mas agora a minha mãe está preocupada que os russos os venham a perseguir”, relata uma mulher à “BBC”.

Contrariando as provas no terreno, Moscovo mantém a sua propaganda de que este é um processo livre. Vladimir Putin anunciou recentemente a mobilização à força de 300 mil civis para integrarem o exército russo no esforço da invasão da Ucrânia.

A anexação destas regiões pela Rússia não vai ser reconhecida internacionalmente, mas pode ser usada pelo Kremlin para escalar a guerra, com o argumento de que o seu território está a ser atacado.

Uma fonte em Kherson disse à “BBC” que não existe nenhum apelo público para as pessoas irem votar.

Outra residente em Kherson disse que viu “militantes armados” no exterior do local onde estava a decorrer o voto. Esta mulher disse que ela e todos os seus amigos estavam contra o referendo. “Não sabemos como vai ficar a nossa vida após este referendo. É muito difícil perceber o que querem fazer”.

 

Ukrainian President Volodymyr Zelenskiy said in a nightly address that the votes would be “unequivocally condemned” by the world, along with the mobilisation Russia began this week, including in Crimea and other areas of Ukraine occupied by Russia.

“These are not just crimes against international law and Ukrainian law, these are crimes against specific people, against a nation,” Zelenskiy said.

The votes on becoming part of Russia were hastily-organised after Ukraine recaptured large swathes of the northeast in a counter-offensive earlier this month.

O presidente ucraniano já criticou a decisão de Moscovo de realizar os referendos no seu território. “Estes não são apenas crimes contra o direito internacional e a lei na Ucrânia, estes são crimes contra uma nação, contra um povo”, disse Volodymir Zelensky.

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