Um ano de Montenegro. Das críticas ao “negociador” à difícil convivência com o grupo parlamentar

Há um ano Luís Montenegro ganhava as eleições no PSD com quase 73% dos votos e prometia que esse seria “o princípio do fim da hegemonia do PS em Portugal”. Passado um ano da sua liderança, os politólogos entrevistados pelo Jornal Económico divergem no que diz respeito à postura que o líder do maior partido da oposição tem adotado.

Segundo o politólogo José Adelino Maltez, Montenegro tem “um modo de ser completamente diverso do Cavaquismo, do Marcelismo, da liderança de Pedro Passos Coelho até porque tem a direita dividida com duas novidades: a Iniciativa Liberal e o Chega”.

Além das diferenças evidentes para antigos líderes como Cavaco, Marcelo e Passos Coelho, José Adelino Maltez defende que Luís Montenegro tem sido “muito diferente de Rui Rio”. “A ambição de Montenegro foi unir aquilo que foi a liderança de Rui Rio separou só que tem de o fazer através de um instrumento chamado Parlamento onde a maioria dos deputados não foi escolhida por Montenegro” pelo ex-líder social-democrata, destaca.

“Em um ano pouco se viu, a não ser algumas medições de sondagens que fazem com que se aproxime do PS”, acrescenta.

Ao contrário de José Adelino Maltez, o politólogo José Palmeira, também ouvido, defende que “Montenegro, em termos de oposição, não está a ser muito diferente de Rui Rio”.

“Rui Rio era acusado por alguns colegas de partido e pelo próprio Montenegro de ser um líder fraco, de ser um líder que procurava a negociação, ser um líder moderado. Ora Montenegro de certa forma tem sido tudo isso”, considera José Palmeira.

O especialista recorda ainda que ao longo de um ano de liderança, Montenegro já se sentou “à mesa com António Costa para negociar a nova localização do aeroporto de Lisboa, não votou a favor das moções de censura, quer do Chega quer da Iniciativa Liberal”. De recordar que o PSD já foi desafiado pelo Chega a apresentar moção de censura, mas Montenegro não avançou.

Depois de um ano de liderança, Luís Montenegro continua a afirmar que o PSD é a única alternativa ao PS e na mais recente sondagem da Aximage para DN/JN/TSF o PSD ultrapassou o PS, reunindo 28,6% das intenções de voto enquanto o PS de António Costa não vai além dos 28,3%.