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Portugal-França: a Temporada Cruzada continua a agitar o mês de agosto

Ao oitavo mês, a Temporada Cruzada Portugal-França não dá tréguas a quem procura alimento para os sentidos, com propostas que vão da instalação sonora à subversão do privado. Quem disse que agosto é ‘silly’?
13 Agosto 2022, 14h00

Há muitos programas culturais possíveis neste mês cujos dias têm feito subir o termómetro. Talvez por isso, ocorre-nos a frescura das noites e a provocação que a exposição “Traversser la Nuit” nos suscita. Porque não mergulhar na imensidão do espaço, seja ele o universo afora ou o universo adentro?

Traversser la Nuit” reúne no MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, mais de uma centena de obras de artistas internacionais, oriundas de uma das mais importantes coleções privadas francesas, Antoine de Galbert, criador da Fundação La Maison Rouge. Oportunidade para ver, até dia 29 de agosto, trabalhos de nomes tão emblemáticos como Lucio Fontana, Marina Abramović, Jorge Molder, Patti Smith, Annie Leibovitz, Christian Boltanski, Man Ray, Miriam Cahn, Zanele Muholi ou Roman Opalka.

Em contagem decrescente está a exposição “Europa Oxalá”, onde 21 artistas afrodescendentes de segunda e terceira geração desconstroem e reconstroem a herança de vozes, sons, gestos e opressões que receberam. Os curadores, António Pinto Ribeiro, Katia Kameli e Aimé Mpane, convocaram para este retrato da África contemporânea obras que questionam e refletem sobre o estatuto da mulher na sociedade contemporânea, o racismo e a descolonização das artes. Não menos importante, quer abrir novas perspetivas à própria noção de Europa. Para ver na Fundação Calouste Gulbenkian até 22 de agosto.

A Norte, mais concretamente no Porto, a Fundação Serralves, acolhe até dia 28 a exposição-performance de Tarek Atoui, “O Testemunho das Águas”, uma viagem pelos sons das cidades portuárias de Atenas, Abu Dhabi, Singapura e Beirute. A proposta deste artista e compositor eletroacústico líbano-francês é, precisamente, transformar o visitante no recetor da sua investigação antropológica, etnológica e musicológica.

Ainda na Invicta, agosto é tempo de mostrar o resultado da residência cruzada – “Visions of Demons” – que a portuguesa Leonor Parda e a francesa Aliha Thalien desenvolveram no âmbito da Temporada Portugal-França. Uma aliança entre Clermont-Ferrand e o Porto, duas cidades com fortes laços históricos, acolhida pelo espaço Maus Hábitos e integrada no Open Lab.

A fechar o mês, e já por setembro adentro, Lisboa será “atravessada” pela dupla boijeot.renauld. Os artistas naturais de Nancy vão habitar as ruas com móveis de madeira e convidar os habitantes locais a ocupar os seus lugares durante 13 dias, de 30 de agosto a 11 de setembro. Objetivo? Questionar, de rua em rua, de bairro em bairro, os limites da esfera do privado e do público, culminando a “travessia” pela cidade na freguesia de Santa Clara, onde a sua performance, intitulada “Lisboa Crossing”, se irá cruzar com o festival TODOS – Caminhada de Culturas.

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