Hoje é um dia histórico para o Reino Unido. O dia em que saímos da União Europeia. No entanto, somos um país profundamente europeu e não estamos a virar as costas aos nossos parceiros e vizinhos europeus.
Aqui em Portugal, recordam-me constantemente da nossa Aliança que remonta ao século XIV. Alguns questionam o valor de tais fundamentos históricos. Mas acredito que há uma clara relação entre paz e segurança, estabilidade, comércio e prosperidade. As alianças criam condições para o comércio prosperar.
Queremos que a relação comercial entre o Reino Unido e Portugal continue a prosperar e a crescer. Esta relação atravessa atualmente um bom momento. O valor do comércio global entre Reino Unido e Portugal ascendeu a 12,3 mil milhões de euros em 2018, 40% mais que em 2008. As exportações portuguesas para o Reino Unido representaram 8,6 mil milhões de euros, enquanto o investimento do Reino Unido em Portugal em 2018 representou 10,4 mil milhões de euros – 16,4% mais do que em 2016. Somos o quarto maior parceiro comercial de Portugal.
Olhando para o futuro, vemos oportunidades entusiasmantes, em particular nas áreas da tecnologia e crescimento limpo. O Reino Unido acolhe a Conferência da ONU sobre Alterações Climáticas em Glasgow, em novembro, e está na linha da frente na Europa para a redução para zero das emissões líquidas de carbono até 2050. As organizações britânicas são pioneiras no financiamento “verde” e têm as melhores competências em serviços técnicos e empresariais para apoiar a transição para uma economia de baixo carbono. Inclui-se aqui a liderança a nível mundial em matéria de energia eólica offshore, e a forte capacidade em setores da economia em rápido desenvolvimento, tais como a energia inteligente e os veículos elétricos.
Portugal também está a expandir o seu setor tecnológico. O sucesso das recentes edições da Web Summit deu a Portugal uma voz privilegiada no debate global sobre tecnologia e inovação. Esta é uma área na qual o Reino Unido, com o seu rico ecossistema tecnológico, é extremamente forte. Há, portanto, um potencial quase ilimitado para que os nossos países trabalhem juntos.
Mais, Portugal e o Reino Unido partilham muitos interesses. Somos nações marítimas com uma perspetiva global. Temos uma longa e orgulhosa história de amizade e cooperação. Se pretendermos que o comércio entre as nossas nações continue a prosperar – como tenho certeza que acontecerá – precisamos de trabalhar em conjunto para adaptar e modernizar o nosso modelo económico.
O Reino Unido e a União Europeia vão precisar de um acordo comercial adequado ao século XXI, que abranja bens e serviços em áreas como tecnologia e finanças, que se estão a tornar muito importantes na nossa relação comercial bilateral. E numa perspetiva mais alargada, espero que, juntos, como nações empenhadas no comércio livre, Portugal e Reino Unido possam defender o mercado global aberto que, ao longo dos séculos, tem criado as condições para o crescimento das nossas economias.
