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Viúva de Ihor Homeniuk teve de pagar transladação do marido do próprio bolso

Em entrevista à SIC, Oksana Homeniuk não escondeu a raiva com que ficou a Portugal, lembrando que o seu marido não tinha ligações a organizações criminosas ou terroristas e que o Estado português nem lhe presta qualquer tipo de apoio, tendo mesmo sido a família do cidadão ucraniano que pagou a sua transladação.
10 Dezembro 2020, 11h54

A viúva do cidadão ucraniano que morreu à guarda do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) do aeroporto de Lisboa revelou que teve de pagar a transladação do corpo do marido do seu próprio bolso. Em entrevista à SIC, Oksana Homeniuk disse ainda não ter recebido qualquer apoio do Estado português.

A viúva de Ihor Homeniuk, que faleceu a 12 de março, contou também que os filhos do casal ainda não sabem o que aconteceu ao certo. Oksana garante não querer qualquer compensação financeira, mas não consegue esconder a raiva para com a República Portuguesa.

“De cada vez que oiço a palavra Portugal… fiquei com tanto ódio a este país. Não quero dinheiro nenhum, só queria que mo trouxessem de volta”, afirmou, visivelmente emocionada.

O caso está agora, nove meses depois da ocorrência, a causar polémica em Portugal. Cristina Gatões, a diretora do serviço, demitiu-se na passada quarta-feira, mas são vários os partidos que pedem que Eduardo Cabrita, ministro da Administração Interna, que tutela o SEF, também se demita.

Ihor Homeniuk foi detido pelo SEF à chegada a Lisboa vindo de Istambul, onde foi violentamente agredido por três inspetores, um deles armado com um bastão extensível, encontrando-se amarrado e drogado com Diazepam. O homem acabaria por falecer, sendo que os inspetores tentaram ainda registar a entrada do ucraniano de 40 anos no Instituto de Medicina Legal como de um homem encontrado na via pública.

O Governo anunciou, na sequência desta ocorrência, a implementação de um botão de pânico em todas as salas de detenção do SEF no aeroporto de Lisboa, bem como a promoção de uma separação muito clara entre funções policiais e administrativas no serviço.

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