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Zeinal diz que acionistas da Oi aprovaram bónus por escrito e recorre de coima de 31,5 milhões

O antigo presidente-executivo (CEO) da Portugal Telecom e da Oi pretende recorrer da decisão do regulador do Brasil que lhe aplicou uma coima de 31,5 milhões de euros por ter recebido um bónus sem aprovação formal pelos órgãos competentes da companhia brasileira. Zeinal alega que o prémio foi aprovado por escrito pelos acionistas que controlavam a Oi e que eram do conhecimento do ‘chairman’, apurou o JE.
1 Junho 2023, 13h27

O antigo CEO da Portugal Telecom, Zeinal Bava, vai recorrer da decisão do supervisor dos mercado financeiro brasileiro que o condenou a pagar uma coima de 170 milhões de reais (cerca de 31,5 milhões de euros), por considerar que o gestor pagou indevidamente um bónus a si próprio na sequência da entrada da PT na Oi, em 2013, apurou o Jornal Económico.

A coima foi anunciada ontem pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) do Brasil, em razão de irregularidades apuradas no contexto do aumento de capital que abriu caminho para uma fusão da brasileira Telemar com a Portugal Telecom, em 2014, que resultou na criação da Oi. Segundo a Lusa, Zeinal Bava foi considerado culpado por receber um bónus pela operação, que lhe terá sido pago sem aprovação da assembleia geral ou do conselho de administração da Oi. Além da coima, que tem um valor equivalente a duas vezes e meia o montante do referido bónus, atualizado à taxa de inflação, o antigo CEO ficará impedido de exercer funções de administrador ou de conselheiro fiscal de empresas cotadas no Brasil, por um período de dez anos.

Ao que o Jornal Económico apurou, Zeinal Bava apresentará recurso ao Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional dentro do prazo legal, argumentando que os bónus pagos no âmbito da oferta pública da Oi, em 2014, foram expressamente aprovados por escrito pelos acionistas que na altura controlavam a companhia de telecomunicações. Zeinal alega também que esses bónus eram do conhecimento do chairman da Oi e que a falha identificada pela CVM está relacionada com procedimentos de formalização dos pagamentos que não eram da sua responsabilidade.

Além disso, a defesa de Zeinal argumenta que não praticou nenhum ato que não contasse com a aprovação por escrito dos acionistas controladores e do chairman à época da Oi, não havendo razoabilidade na condenação imputada pela CVM. E sustenta que os bónus pagos à sua equipa de gestão foram igualmente aprovados por escrito pelos acionistas controladores e pelo chairman da telecom brasileira. Juntamente com Bava, também os ex-administradores Bayard Montijo, Shakhaf Wyne, Luís Pacheco de Melo e Fernando Portella foram multados pela CVM no âmbito deste processo, com valores situados entre 300 mil e 500 mil reais.
Zeinal Bava assumiu a liderança da Oi em 2013, após a entrada da antiga Portugal Telecom (PT) na companhia de telecomunicações brasileira. A empresa tinha como principais acionistas a PT (atual Pharol) e os grupos brasileiros Andrade Gutierrez, Jereissati Telecom, para além do BNDES e de vários fundos de pensões de entidades públicas do Brasil. A aventura brasileira da PT culminou em desastre, após se ter descoberto que em 2013 a operadora investiu cerca de 900 milhões de euros em dívida da Rioforte, a holding da área não-financeira do Grupo Espírito Santo, que na altura já estava em graves dificuldades. Em consequência disso, a Oi acabaria por ficar com o controlo da PT, vendendo a unidade portuguesa (dona do MEO) ao grupo Altice.
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