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Bolieiro diz que Açores têm de se “habituar” à “economia não governamentalizada”

O presidente do Governo dos Açores considerou que não seria “admissível” a “intromissão” do Governo Regional no “racional da gestão empresarial” de uma transportadora aérea privada. A companhia não está a disponibilizar voos a partir de novembro entre São Miguel, Terceira, e o território continental. O governante admitiu existir um acordo com a Ryanair que passa pela redução de voos.
31 Agosto 2023, 09h20

O presidente do Governo Regional dos Açores afirmou na passada quarta-feira que não existe “mais nada a dizer” sobre a operação da Ryanair para a região, realçando que os açorianos têm se “habituar” à “economia não governamentalizada”.

“Temos de [nos] habituar à economia dos Açores não governamentalizada. O governo fez tudo o que lhe competia fazer na defesa da acessibilidade dos Açores. Foi, aliás, nesta linha doutrinária e ideológica da atual governação dos Açores que se liberalizou o espaço aéreo que potenciou o destino turístico Açores”, declarou José Manuel Bolieiro.

A liberalização do espaço aéreo açoriano aconteceu em março de 2015, quando o Governo Regional era liderado pelo PS e o da República pela coligação PSD/CDS-PP.

No seu ‘site’, a Ryanair não disponibiliza voos entre as ilhas de São Miguel e Terceira e o continente português a partir de novembro.

O Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) já admitiu que existe um acordo com a companhia que passa pela redução de voos, mas rejeitou entrar em detalhes até as ligações serem disponibilizadas, levando o PS a exigir esclarecimentos.

“Não há mais nada dizer porque agora é do domínio privado e nós não governamentalizamos nem mandamos nas empresas privadas. É o testemunho que dou, confiante na capacidade do mercado em dar resposta às necessidades que se apresentarem a cada instante”, afirmou o chefe do governo açoriano.

Bolieiro considerou que não seria “admissível” a “intromissão” do Governo Regional no “racional da gestão empresarial” de uma transportadora aérea privada.

“A economia privada faz-se do domínio dos próprios empresários. O governo cumpriu o que era a sua possibilidade de intervenção”, assinalou.

Em entrevista ao Jornal Económico o CEO da Ryanair, Eddie Wilson, tinha afirmado que a companhia aérea ia deixar de realizar voos para os Açores, no inverno, devido ao aumento de custos que se tem verificado quando outras regiões europeias estão a tentar atrair tráfego. Nessa altura Eddie Wilson tinha referido que a Ryanair já não estava a vender voos para a época que inverno que se inicia em novembro.

Ryan Wilson reivindicava na altura a reversão do aumento de 11% das taxas aeroportuárias, livrar-se da taxa de segurança, e o governo  arranjar algum tipo de incentivo que compense o fim do atual sistema ETS [taxas sobre as emissões] para as regiões ultraperiféricas. No fundo um apoio de 13 euros por passageiros para a Ryanair manter os voos para os Açores no inverno.

As declarações do presidente do Governo dos Açores decorreram à margem da inauguração da variante ao Portal do Vento, na freguesia das Sete Cidades, na ilha de São Miguel.

Sobre a estrada, Bolieiro destacou que “valoriza a acessibilidade às Sete Cidades”, uma vez que “encurta a distância em dois quilómetros” até ao miradouro da Vista do Rei, um dos pontos turísticos mais visitados dos Açores.

“Hoje, quem visitar o miradouro da Vista do Rei vem em melhores condições. Visita com mais rapidez, com mais comodidade e com mais segurança”, afirmou.

A variante representou um investimento de 1,3 milhões de euros financiados pelo Plano de Recuperação e Resiliência.

A variante, com cerca de 300 metros, incluiu uma “interceção giratória alongada” e um acesso ao parque de estacionamento de longa duração do miradouro da Vista do Rei, bem como “trabalhos de terraplenagens, de drenagem, de pavimentação e obras acessórias”, segundo especificou o governo açoriano em 10 de março de 2022 aquando do lançamento do concurso.

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