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China nega ter pedido à Rússia para adiar invasão até ao final dos Jogos Olímpicos de Inverno

A China negou veementemente a existência de um relatório onde, alegadamente, pediu a Moscovo que adiasse a invasão à Ucrânia até ao final dos Jogos Olímpicos de Inverno e que pressupunha o conhecimento prévio das intenções a curto-prazo de Vladimir Putin.
3 Março 2022, 16h27

O porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Wenbin, classificou como “falsas” as notícias avançadas pelo “The New York Times”, que davam conta de um pedido feito pelo governo chinês à contraparte russa, no sentido de adiar a invasão à Ucrânia até ao final dos Jogos Olímpicos de Inverno (JOI), realizados em Pequim entre 4 e 20 de fevereiro, segundo o “The Guardian”.

A China negou veementemente a existência de um relatório onde, alegadamente, pediu a Moscovo que adiasse a invasão à Ucrânia até ao final dos JOI e que pressupunha o conhecimento prévio das intenções a curto-prazo de Vladimir Putin.

“Esse tipo de retórica é para desviar a atenção e transferir culpas, o que é totalmente desprezível”, disse Wang Wenbin esta na quinta-feira, 3 de março, quando questionado por jornalistas sobre a reportagem do “New York Times” publicada na quarta-feira.

A Rússia lançou o ataque à Ucrânia a 24 de fevereiro, quatro dias após o fim dos JOI. A 21 de fevereiro, Vladimir Putin reconheceu a independência dos territórios separatistas do leste da Ucrânia e ordenou o envio de tropas, no sentido de levar a cabo uma “operação militar especial” no território do país vizinho.

Wang voltou a culpar a expansão da NATO para o leste europeu e a atitude do governo dos EUA em relação à adesão da Ucrânia à organização, pela deterioração das relações com a Rússia. O porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros da China disse que a causa da crise atual é “um fato conhecido por todos. Só quem começa o problema pode acabar com ele”, acrescentou.

De acordo com o “The New York Times”, que citou funcionários do governo de Joe Biden e um funcionário europeu que citou um relatório de uma agência de inteligência ocidental, altos funcionários chineses disseram aos seus colegas russos no início de fevereiro para não invadirem a Ucrânia até à conclusão dos JOI.

O relatório revela que a conversa entre as autoridades chinesas e russas foi “secreta”, não sendo possível apurar se envolveu diretamente os líderes dos dois países, Xi Jinping e Vladimir Putin, respetivamente.

No entanto, o impacto da invasão da Rússia parece ter apanhado os diplomatas da China desprevenidos. Citando uma fonte anónima, o “South China Morning Post”, com sede em Hong Kong, disse ser “aparente pela falta de aviso de Pequim aos seus cerca de seis mil cidadãos retidos na Ucrânia nos últimos dias”.

À medida que o conflito em território ucraniano persiste, a China sinalizou estar disposta a desempenhar um papel de mediador entre os dois países. Pequim “lamenta” a eclosão do conflito e já pediu ao lado ucraniano que prestasse assistência aos cidadãos chineses com dificuldades em atravessar as fronteiras.

Embora as nações ocidentais tenham imposto sanções à Rússia, a China disse que não seguiria o exemplo. “Não vamos participar em tais sanções. Continuaremos a manter as trocas económicas e comerciais normais com as partes relevantes”, disse Guo Shuqing, presidente da Comissão Reguladora de Bancos e Seguros da China.

Também um porta-voz da embaixada chinesa em Washington, Liu Pengyu, disse que as alegações sobre o conhecimento prévio das intenções da Rússia eram “especulações sem qualquer base e destinam-se a transferir a culpa e difamar a China”.

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