[weglot_switcher]

Estado terá de gastar até 556 milhões de euros para compensar escalada da inflação nas famílias mais pobres

Peso das rendas, eletricidade e gás, alimentação e combustíveis é maior nas famílias mais pobres que nas famílias mais ricas.
13 Abril 2022, 12h34

O Governo português terá de mobilizar entre 133 e 556 milhões de euros para compensar o impacto da subida da inflação nas famílias mais pobres, o que equivale a transferir entre 158 e 662 euros por ano para cada agregado, é referido no mais recente relatório do “Portugal, Balanço Social”, redigido por uma equipa de investigadores da Nova SBE.

O projeto da Iniciativa para a Equidade Social, realizado em parceira entre a Fundação “la Caixa”, o BPI e a Nova SBE teve os investigadores Bruno Carvalho, Susana Peralta e Mariana Esteves a analisar a estrutura dos orçamentos familiares consoante o nível de rendimentos familiares.

O projeto realizou três cenários de inflação, 2%, 4% e 6%, e um cenário de inflação misto em que considerou aumentos de preços diferenciados para várias categorias de consumo.

Os dados usados foram os do Inquérito às Despesas das Famílias de 2015/2016, o último disponível, e foram usados para analisar o peso das diferentes categorias nas despesas das famílias de diferentes níveis de rendimento.

As famílias que tem um rendimento inferior consomem uma grande parte do mesmo. “As famílias que incluem os 20% de indivíduos mais pobres têm uma despesa superior ao rendimento, pelo que não têm margem para acomodar a inflação”, dizem os investigadores no estudo.

As conclusões do estudo afirmam que as despesas essenciais no total da despesa, é maior quando as famílias são mais pobres. Os produtos alimentares têm um peso de 19,2% na despesa, e 11% nas famílias mais ricas.

Na globalidade, o peso das rendas, eletricidade e gás, alimentação, como pão e cereais, ou combustíveis é maior nas famílias mais pobres que nas famílias mais ricas.

Por isso, a transferência monetária que pode permitir às famílias que estão entre as 20% mais pobres em Portugal manterem o mesmo nível de consumo médio, tendo em conta uma inflação de 6% em 2022, é de 474 euros por ano que seriam distribuídos 138 euros para a alimentação, 253 euros para a habitação, onde se inclui o gás e a eletricidade, e 83 euros para transportes. “A despesa total associada seria de 400 milhões de euros e permite compensar totalmente a inflação apenas a entre 56% e 69% destas famílias”, explicam.

Ainda assim, este montante é conservador dado que não garante que as famílias satisfaçam as suas necessidades básicas.

A taxa de inflação em março foi de 5,3%, que representa o valor mais alto desde 1994 com a categoria da alimentação e bebidas a subir 11%.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.