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Media Capital contra-ataca na corrida pela compra da Cofina e propõe leilão

A Média Capital continua interessada na compra do grupo dono do “Correio da Manhã” e atribui-lhe um valor superior de 75 milhões de euros do management buyout que está a ser preparado por Luís Santana e outros altos quadros da Cofina. E propõe que a venda seja feita de forma transparente e competitiva, num leilão que permita maximizar o valor gerado para os acionistas da Cofina.
12 Julho 2023, 07h30

A Média Capital, controlada pelo empresário Mário Ferreira, passou ao contra-ataque na disputa pelo compra da Cofina Media. Num comunicado divulgado ontem no site da CMVM, a Media Capital fez saber que avalia a Cofina Media num valor superior a 75 milhões de euros, sinalizando assim que está disposta a pagar mais do que o management buyout que está a ser preparado pelo administrador Luís Santana e por outros altos quadros do grupo dono do “Correio da Manhã”, com a participação de Cristiano Ronaldo e outros investidores. E propõe que o processo de venda da empresa tenha lugar no âmbito de um megafinleilão que maximize o encaixe para os acionistas da Cofina.

No comunicado ao mercado, o grupo de Mário Ferreira, que detém a TVI e a CNN Portugal, tornou público que “mantém o interesse na aquisição de 100% do capital social da Cofina Media”. E “assume o compromisso de participar no processo de alienação do referido ativo que venha a ser promovido pela Cofina, SGPS, S.A., organizado em modelo de leilão ou outro”, mediante a apresentação de uma proposta que “atribui à Cofina Media, S.A. um enterprise value [valor] superior a 75 milhões de euros”.

O consórcio liderado por Luís Santana avalia o negócio de comunicação social da Cofina em 75 milhões de euros, incluindo neste montante cerca de 35 milhões de euros em dívida. A Cofina Media, unidade que detém as marcas “Correio da Manhã”, “Sábado”, “Jornal de Negócios”, “Record” e “Máxima”, entre outras, é detida a 100% pela Cofina SGPS, sociedade cotada em bolsa que conta com o empresário Paulo Fernandes entre os principais acionistas, com 14% do capital, juntamente com Ana Menères de Mendonça (19%), João Borges de Oliveira (15%), Domingos Vieira de Matos (12%) e Pedro Borges de Oliveira (10%). A área de media é o principal negócio do grupo Cofina, que em 2022 viu os lucros mais do que duplicaram para 10,5 milhões de euros.

A Média Capital chegou a estar em negociações com a Cofina para a compra do grupo de media, no início do ano. Mas em maio último o CEO do grupo, Pedro Morais Leitão, afirmou numa entrevista à Lusa que a compra do grupo proprietário do “Correio da Manhã” era um “tema abstrato”, sem desenvolvimentos até à altura.

Quando questionado sobre ponto de situação de eventuais negociações após o esclarecimento das duas empresas ao mercado em março, Pedro Morais Leitão afirmou não saber responder, “porque depende tudo da Cofina”.

“Se eu me sento com a Cofina? Não, não me sentei com a Cofina nunca. Desde que entrei aqui nunca me sentei com a Cofina”, afirma o gestor, que cumpre este mês um ano na liderança executiva da Media Capital.

Uma guerra de ofertas a caminho?

A tomada de posição da Media Capital tem como destinatários os acionistas da Cofina, incluindo os minoritários. Daí a referência à necessidade de o processo de venda da subsidiária de media ser conduzido de acordo com “regras objetivas e transparentes”, no que seria um modelo de venda competitiva. As fontes ouvidas pelo Jornal Económico consideram que o grupo de Mário Ferreira joga com o facto de a administração da Cofina ter o dever de maximizar o valor gerado para os acionistas. Mas tanto o consórcio liderado por Luís Santana e Otávio Ribeiro (ex-diretor do “Correio da Manhã” e da CMTV) como a Média Capital ainda não apresentaram propostas formais a Paulo Fernandes e aos outros acionistas da Cofina, pelo que será prematuro falar numa “guerra de ofertas”. Mas esse cenário não será de excluir, uma vez que a Media Capital sinalizou que está disposta a pagar mais do que os gestores e investidores que integram o MBO.

 

ERC aplica multa de 175 mil euros à Pluris, de Mário Ferreira

No mesmo dia em que a Media Capital divulgou o comunicado no site da CMVM, a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) aplicou uma multa a Mário Ferreira e ao antigo acionista da empresa, o grupo espanhol Prisa, devido ao negócio de venda de venda celebrado entre ambos em maio de 2020.

A ERC aplicou uma coima de 350 mil euros à Pluris, de Mário Ferreira, bem como à Prisa e à Vertix, subsidiária da empresa espanhola. As coimas ficam suspensas em metade do seu valor, mediante caução no valor de 250 mil euros. Cada uma das empresas terá de pagar 175 mil euros cada.

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