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“Obscenos”. Investidores da AstraZeneca opõem-se à atribuição de prémios ao CEO

Pirc, Glass Lewis e ISS demonstraram preocupações relativamente ao aumento máximo de bónus que Pascal Soriot pode vir a receber a longo prazo, estado em cima da mesa a possibilidade uma subida de 550% do seu salário-base de para 650%.
  • DR Pablo Martinez Monsivais
5 Maio 2021, 15h24

A farmacêutica britânica AstraZeneca está a enfrentar oposição interna crescente no que diz respeito às intenções de conceder ao presidente-executivo, Pascal Soriot, um elevado aumento no bónus salarial. De acordo com a notícia avançada pelo jornal “The Guardian” esta quarta-feira, três grupos de consultoria de investidores já pediram aos acionistas que votem contra a política em causa.

Pirc, Glass Lewis e Institutional Shareholder Services (ISS) têm já as preocupações sinalizadas relativamente ao aumento máximo de bónus que Soriot pode vir a receber a longo prazo (uma subida de 550% do seu salário-base de para 650%).

Nesse sentido, os grupos referidos recomendaram aos investidores que votassem contra essa política de pagamento na reunião anual da próxima terça-feira. Neville White, chefe de política de investimento responsável e pesquisa da EdenTree Investment Management, que detém ações da AstraZeneca, descreveu os aumentos propostos como “obscenos” e disse que votaria contra.

“É obviamente complicado porque o Pascal, é neste momento, tanto um herói como um vilão”, acrescentou o responsável.

A tentativa de atribuição de prémios chega numa altura em que a farmacêutica enfrenta duras críticas a nível europeu, tanto pela falha nas entregas das encomendas contratadas. Na semana passada, a Comissão Europeia avançou com ação judicial contra a AstraZeneca por incumprimento no fornecimento de vacinas.

A informação foi confirmada pela comissária europeia para a Saúde e Segurança Alimentar Stella Kyriakides: “A nossa prioridade é garantir que as entregas da vacina contra a Covid-19 são concretizadas para proteger a saúde da União Europeia (UE). Por isso, a Comissão Europeia decidiu avançar juntamente com todos os Estados-membros num processo judicial contra a AstraZeneca. Todas as doses contam. Todas as vacinas salvam vidas”, explicou a responsável.

Além dos constantes atrasos na entrega das vacinas e em doses aquém das contratualizadas, a campanha de vacinação da UE tem sido marcada por casos raros de efeitos secundários como coágulos sanguíneos após toma do fármaco da AstraZeneca, relação confirmada pelo regulador europeu, como aliás aconteceu com a vacina da Johnson & Johnson.

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