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Brexit: Profissionais do SNS do Reino Unido pedem que governo estenda período de transição

A confederação do NHS pediu ao número 10 em Downing Street que o período de transição para o Brexit fosse prolongado por mais um mês, como forma de impedir uma rutura total do serviço de saúde pública no território. “Estamos a poucos dias do precipício”, lê-se na carta enviada ao governo de Boris Johnson.
  • Londres, Reino Unido
23 Dezembro 2020, 12h41

Os profissionais de saúde do Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS, sigla em inglês), pediram que o governo de Boris Johnson prolongasse o período de transição para o Brexit por mais um mês, argumentando que uma saída a 31 de dezembro, conforme acordado com a União Europeia, poderia condicionar a saúde dos pacientes durante a crise da Covid-19 no território. O pedido surge numa altura em que Londres e Bruxelas continuam as negociações para uma saída com acordo comercial.

De acordo com a notícia avançada pelo “The Guardian”, esta quarta-feira, o elevado número de novos casos confirmados, devido à nova estirpe que circula pela Grã-Bretanha, está neste momento a colocar uma maior pressão sobre os cuidados intensivos e as enfermarias dos hospitais. Face a esta realidade, os chefes do NHS acreditam que uma saída do Reino Unido do bloco europeu a 31 de janeiro de 2021 seria benéfico para que os serviços de saúde possam sair da “zona de perigo”, o que por sua vez “permitiria ao NHS continuar a trabalhar no combate à pandemia sem ter que lidar com as mudanças perturbadoras causadas por uma saída sem acordo ”.

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Este pedido foi feito através de uma carta enviada pela confederação de médicos do NHS para o número 10 em Downing Street, esta semana. Na missiva, é reconhecido que o reforço das medidas restritivas contra a propagação do vírus, decretadas durante o fim de semana passado, foram necessárias para evitar uma ruptura dos hospitais e ajudar a proteger o NHS. Além do aumento do número de infetados, a confederação do NHS realça que o período de espera por consultas de pacientes não Covid-19 é agora de um ano e afeta cerca de 16 mil utentes.

“Existem cerca de 19 mil doentes com Covid-19 internados nos hospitais, perto do máximo registado durante o pico da primeira vaga e a esteira está a ganhar velocidade à medida que entramos no período festivo”, lê-se na carta.

Estes representantes-chefe do NHS escrevem ainda que os hospitais públicos não estão a ser capazes de conjugar a pressão da Covid-19 e ainda delinear uma estratégia de adaptação num cenário pós-Brexit, uma vez que, a 1 de janeiro, serão implementadas novas regras e orientações.

“Podem não se lembrar do NHS como um fator na mesa de negociações para o Brexit, mas as ondas de choque que surgirão na sequência de uma saída sem acordo podem levar a capacidade do NHS de funcionar além do limite”, realçam. “Como estamos a poucos dias do precipício, recomendamos que estendam o período de transição por mais um mês, dando ao NHS algumas semanas extras e permitindo que o Reino Unido deixe a UE após um período de transição de um ano”, pedem, por fim.

Esta não é a primeira vez que se pede por um prolongamento do período de transição. Esta semana, o partido nacional da Escócia (SNP- Scottish National Party) e o presidente da Câmara de Londres, Sadiq Khan, querem que o Reino Unido siga as regras comerciais da União Europeia (UE) após 31 de dezembro para que exista mais tempo para se definir um acordo. Para Sadiq Khan a prioridade do primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, devia ser a “luta contra o vírus”.

As negociações entre o Reino Unido e a UE prosseguem, faltando oito dias para que seja possível chegar a um acordo. O Reino Unido tem seguido os regulamentos da UE desde que deixou o bloco a 31 de janeiro, mas sairá do mercado interno e da união aduaneira quando esse período de “transição” terminar, no final do ano.

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