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“Capitalização selvagem feita pelo BdP”: Centeno arrasa ação do regulador no Novo Banco em 2015

Ministro das Finanças criticou duramente o processo de recapitalização do Novo Banco e estima que o Estado pagou em juros nas emissões de dívida mais 1.500 milhões de euros “do que aquilo que teríamos pago se em vez do Novo Banco tivesse sido votado e entregue ao Banco de Portugal”.
  • Cristina Bernardo
13 Maio 2020, 12h09

O ministro das Finanças, Mário Centeno, não poupou criticas à gestão que o Banco de Portugal (BdP) fez da situação no Novo Banco em 2015, classificando-a como “capitalização selvagem”. Durante uma audição que teria como tema principal o Programa de Estabilidade de 2020 e o Programa Nacional de Reformas, a instituição liderada por António Ramalho acabou por dominar a discussão.

“Por causa da capitalização selvagem feita pelo Banco de Portugal ao Novo Banco em dezembro de 2015, a economia portuguesa enfrentou longuíssimos meses de segregação nos mercados financeiros, de falta de confiança com juros pagos, claramente acima daquilo que poderia ter sido a trajetória dos juros da economia portuguesa”, disse Mário Centeno, na audição na Comissão de Orçamento e Finanças, esta quarta-feira.

O ministro diz que as consequências foram visíveis nos custos de financiamento da República. “Das emissões feita em 2016, pagámos mais 1.500 milhões de euros do que aquilo que teríamos pago se em vez do Novo Banco tivesse sido votado e entregue ao Banco de Portugal, sem nenhuma responsabilidade política de quem na altura deveria ser o garante da estabilidade financeira do país, tivesse sido feito de outra maneira”, afirmou. “Estamos todos a pagar”, vincou.

No início da audição, Mário Centeno já tinha considerado que “esta foi a mais desastrosa resolução bancária alguma vez feita na Europa”. Defendeu que a seleção dos ativos em 2014 foi “mal feita, incompetente”, realçando que “o banco que era novo tinha ainda muito de mau e, é por isso, que em 2017 surge um mecanismo de capital”.

O ministro da tutela criticou a gestão que foi feita em 2015, considerando que “o banco que era novo e que devia ser bom tinha ainda muito de mau”.

O Novo Banco foi o principal tema de debate na audição, quer nas explicações de Mário Centeno, quer nas questões dos deputados, que pediram explicações sobre o empréstimo de 850 milhões de euros do Estado autorizado pelas Finanças na semana passada, quer sobre a posição do Governo relativamente à possibilidade de pagamentos diferido de bónus à administração do banco em 2021.

(Atualizado às 12h23)

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