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Fórum para a Competitividade prevê agravamento das dificuldades de execução do PRR

Fórum para a Competitividade avisa que, com a reprogramação da “bazuca”, as dificuldades sentidas na sua execução deverão agravar-se. E mostra-se reticente quanto à importância do PRR na dinamização do tecido empresarial português.
2 Junho 2023, 14h59

Os atrasos sentidos na execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) deverão agravar-se agora que este vai ser reprogramando, engordando de 16,6 mil milhões de euros para 22,2 mil milhões de euros. A previsão é do Fórum para a Competitividade, que, na sua nota de conjuntura de maio, que foi divulgada esta sexta-feira, avisa ainda que a revisão da chamada “bazuca” não deverá ter um impacto significativo sobre o potencial de crescimento da economia portuguesa.

“Apesar de todos os avisos e promessas, acumulam-se os atrasos na execução do PRR, que só poderão agravar-se com o aumento do volume de investimentos a realizar”, é salientado na análise publicada esta tarde.

No início da semana, a ministra da Presidência anunciou ao país que tinha sido submetida a Bruxelas a reprogramação do PRR, prevendo-se que este aumente dos 16,6 mil milhões de euros até agora previstos para 22,2 mil milhões de euros.

Segundo Mariana Vieira da Silva, a maioria fatia desse reforço vai ser dirigida às empresas. “Os capítulos mais beneficiados são o da capitalização e inovação empresarial, mobilidade sustentável, e habitação, embora esta percentualmente menos”, destaca, em reação, o Fórum para a Competitividade esta sexta-feira, em linha com a análise já avançada pelo Jornal Económico.

Apesar do cheque ser agora mais robusto, o prazo para a execução destes fundos mantém-se em 2026, daí que a nota divulgada esta tarde antecipa que as dificuldades até agora sentidas sejam ampliadas.

A análise enviada esta tarde às redações sublinha ainda que na reprogramação enviada à Comissão Europeia “houve alguma correção do anterior excesso do sector público”, mas levanta a questão: “será que esta nova distribuição de fundos irá ter um impacto significativo sobre o potencial de crescimento da economia, que a anterior não teve”

O Fórum para a Competitividade responde, salientando que o próprio Governo “não acredita nisso”, uma vez que o Programa de Estabilidade apresentado em abril para o período que vai de 2023 a 2023 indica que o país tem “o mais baixo potencial de crescimento de médio prazo desde 2016”.

“Além disso, verificamos que os novos fundos distribuídos às empresas representam, em termos reais, apenas cerca de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) em cada ano, o que dificilmente poderá ter um impacto significativo em termos estruturais”, é realçado.

A Comissão Europeia terá agora dois meses para analisar e decidir se aprova ou não o plano reprogramado submetido por Portugal. Se houver “fumo branco”, o Governo já está a contar pedir de imediato e em simultâneo o terceiro e quarto desembolsos, avançou a ministra da Presidência.

Emprego qualificado com “queda surpreendente”

Na nota de conjuntura publicada esta sexta-feira, o Fórum para a Competitividade tece ainda comentários acerca dos números do desemprego registados no primeiro trimestre, frisando que houve uma subida forte da taxa de desemprego e uma “surpreendente” descida expressiva do emprego dos trabalhadores com formação superior.

“No primeiro trimestre, a taxa de desemprego subiu fortemente, mais do que o esperado, de 6,5% para 7,2%, registando-se quase mais 40 mil desempregados. O mais surpreendente foi a queda muito forte do emprego de trabalhadores com formação superior, que se reduziu em 105 milhares em termos homólogos”, é sublinhado.

Nas contas do Fórum para a Competitividade, a redução do emprego nesse grupo é quase o dobro dos alunos que entram todos os anos no ensino universitário, “muitos dos quais terão emigrado”. Este comentário é particularmente relevante já que as empresas queixam-se há vários meses de falta de mão-de-obra com as competências adequadas.

Por outro lado, quando à evolução da economia, a nota de conjuntura destaca que os bons resultados dos primeiros três meses de 2023 levaram a uma generalizada revisão em alta das perspectivas para o conjunto do ano, mas deixa um aviso: “os novos valores quase não incorporam melhorias nos restantes trimestres. O turismo talvez possa surpreender, mas a procura interna deve continuar sob forte pressão da subida das taxas de juro”, considera o Fórum para a Competitividade.

Atualizada às 15h32

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